Aliados no governo Wagner e nas recentes coligações eleitorais que ajudaram a eleger Rui Costa (PT) para a sucessão, dez partidos devem aguardar a convocação do governador eleito para integrarem a nova gestão. O petista que está em viagem de descanso e deve chegar daqui a uma semana terá como tarefa prioritária cobrar o cenário traçado pela equipe de transição, assim como dialogar com os parceiros, que anseiam por definir seus espaços no governo. Apesar de a maioria levar em conta a discrição ao tratar no assunto, os recados evidenciam o desejo de serem reconhecidos pelo futuro governador. Alguns têm relação histórica com o PT, que encabeça o poder, outros foram atraídos pelo governador Jaques Wagner, durante o primeiro e o segundo mandato e os demais se aliaram dentro do novo contexto eleitoral.
Duas coligações estiveram com Rui sendo uma composta por PT, PSD, PP, PR, PCdoB e PTB e a segunda PMN, PHS e PTdoB (que saiu dividida por conta da questão judicial, onde integrantes se divergiram no apoio a Rui e a Paulo Souto do DEM). Corre por fora ainda o PSB e o PV, que teria integrantes ainda com cargos no governo. O certo é que dessa forma, Rui caminha para repetir a grande base de Wagner e as suas complexidades. Embora ninguém deixe claro, a barganha por cargos é uma das formas de mantê-los no ninho governista.
Conforme avaliações, a meta de Rui de reduzir secretarias, tornando a estrutura mais eficiente vai exigir também habilidade política, já que precisará dos espaços para abrigar os aliados. Há quem diga que uma das saídas é transformar algumas pastas em autarquias, que teriam os poderes de secretaria, o que facilitaria a acomodação das siglas. Há rumores de que petistas já estariam de olho no peso que será dado ao PSD, do senador eleito Otto Alencar e o PP do vice-governador eleito, João Leão ao avaliarem que aliados de ambos os partidos não teriam se entregado a campanha de Rui, no momento mais crucial, quando ele era desconhecido e criticado.
Leão contesta. “Eu e Otto entramos na campanha de Rui, quando o quadro era de 56% para o adversário e 2% para ele. Como podem falar isso?”, questiona. O presidente estadual do PP também lembra que teria sido um dos únicos a declarar que Rui ganharia no primeiro turno. “Não existe isso, pois o PT, o PP e o PSD estão entrelaçados”, minimizou. Leão frisa que até o momento os lugares não foram discutidos. “Primeiro o governador vai extinguir algumas secretarias e depois vai decidir de acordo com a proporcionalidade”. O PP elegeu cinco deputados estaduais e quatro federais. Atualmente tem como um dos espaços de peso, a Secretaria de Agricultura e alguns órgãos como o Detran.
O PSD tem como Pasta de maior influência a Infraestrutura, responsável pelas estradas e transportes, mas estaria cotada para assumir outros postos de maior vitrine. O atual vice governador e senador eleito Otto Alencar diz que vai esperar ser chamado por Rui primeiro para tratar sobre a questão. Segundo ele não haverá nenhum tipo de “pressão” por espaços, mas assinala a aliança natural.”A lógica é que quem participa da campanha participe também do governo. O PSD tem oito estaduais, quatro federais. Esperamos dá uma boa contribuição com o governo assim como demos no governo de Wagner”, disse.
No PCdoB, o presidente estadual Daniel Almeida também reforça a espera por Rui. “O desenho que o governador está fazendo não sei qual será. Nós consideramos que a contribuição do PCdoB no governo e na campanha foi crescente. Em relação à nova só o governador eleito vai dizer”. O PCdoB tem na gestão Wagner, a Secretaria Estadual de Trabalho e Esporte, a Sudesb e na pasta de Saúde comanda duas superintendências e a Bahia Farma, além da Bahia Gás. O presidente estadual do PDT, Félix Mendonça diz também que espera uma “participação boa” no próximo governo. “O PDT é o segundo maior partido em número de votos de legenda e o terceiro em votos absolutos, o mostra que a sigla está cada vez mais forte. Se a política for mantida vamos dar boa contribuição”.
O PDT indicou no governo atual a Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Segundo o presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação a perspectiva de espaços será debatida com “tranqüilidade” por Rui. “Não tem nenhuma discussão sobre isso no momento. Vamos esperá-lo retornar, mas não teremos dificuldade para fazermos os ajustes necessários”, disse. Ele negou que haja vigilância quanto ao que caberá ao PSD e PP. “Não estamos fazendo caças às bruxas. Temos alianças com esses partidos e marcharam conosco”, afirmou. O PT dirige hoje as pastas de Saúde, Educação,Casa Civil, Indústria e Comércio e Relações Institucionais. Extraído da Tribuna da Bahia.