A três meses da eleição da Mesa Diretora 2015/2017, da Assembleia Legislativa da Bahia, nem mesmo a votação de temas polêmicos em plenário e o acúmulo de proposições no ano em que prevaleceu a campanha eleitoral inibem os deputados de se articularem em prol da disputa. Mesmo com o largo espaço de tempo até a definição, o assunto virou a grande pauta dos bastidores e as negociações se aceleram. A questão tomou corpo ontem com o recuo do PSD, que confirmou o apoio a Marcelo Nilo (PDT), que parte para a tentativa do quinto mandato, e com a ratificação do PT de seguir com uma candidatura própria, com o atual líder da bancada petista na Casa, Rosemberg Pinto.
O PSD tinha como candidato o líder do partido no parlamento, o deputado Alan Sanches, que debateu a necessidade de pôr fim à reeleição. O parlamentar disse ter reconhecido a disposição dos pares de sua bancada em caminhar com o pedetista. Em nota, Alan frisou que buscou o convencimento dos colegas, mas, “infelizmente, não conseguiu reunir as condições objetivas para levar a candidatura adiante”. “Percebi que a maioria deseja a reeleição do atual presidente Marcelo Nilo, inclusive, o meu partido, e eu não me sinto confortável para manter minha candidatura. Temos que saber reconhecer a hora de parar”, disse. Porém mostrou que, apesar da tomada de decisão, continua defendendo a alternância no parlamento.
Sanches enfatizou ainda que é um soldado da legenda e que por isso concluiu a decisão de marchar com o atual presidente. O líder pessedista, porém, descartou que não há qualquer barganha de espaços. “E, inclusive, não farei parte da mesa diretora. O meu colega Adolfo Menezes será o indicado para compor a vice-presidência da Assembleia”, informou.
O presidente destacou a satisfação de ter o PSD como aliado. “É um honra ter o apoio do PSD. Tenho uma relação profunda com Alan, que é um grande deputado”. Nilo contabilizou o apoio de 48 deputados. Segundo ele, desses, 31 assinaram a lista. Ele atribuiu o êxito ao trabalho feito nos últimos anos. “Ao respeito que tenho a todos, inclusive à oposição, ao fato de ter democratizado a Casa, recebendo todos os movimentos sociais, e ao trabalho administrativo e político”, frisou. O deputado ainda projetou: “Quero ter mais de 90% dos votos”.
Por sua vez, o PT decidiu que vai enfrentar Nilo. O partido reuniu a bancada da Assembleia com a Comissão Política do Diretório Estadual do PT. Em nota, o presidente estadual da legenda, Everaldo Anunciação, justificou a importância de acompanhar o resultado das urnas, numa referência ao fato de o partido ter conquistado, para a próxima legislatura, o maior número de parlamentares.
A possibilidade de ampliar os apoios entre os demais pares foi comentada. “É consenso o diálogo com as bancadas aliadas e, neste sentido, sugere uma reunião com presidentes dos partidos para discutir a eleição, até porque outros candidatos da base já lançaram seus nomes. Vamos continuar trilhando este mesmo caminho com relação à eleição na Assembleia”, disse, numa alusão à unidade entre os partidos no pleito estadual que elegeu Rui Costa (PT) ao governo.
Rosemberg fez discurso reiterando o desejo de acabar com a reeleição à presidência da Casa. Em conversa com o jornal Tribuna da Bahia, o deputado garantiu que vai até o fim com a postulação e ironizou as promessas de Nilo em conceder espaço na Mesa para o PSD. “Ele pode até prometer, mas não pode cumprir, pois quem vota são os deputados. A votação é nos candidatos e não na chapa dele. Uma vez ele lançou Ângelo Coronel (PSD), como candidato a 1º vice e quem se elegeu foi Rogério Andrade (PSD). As candidaturas são separadas”, frisou.
O deputado revelou ainda que estava em conversação com a bancada de oposição e com o PP. “É um caminho. O PT tem 11, o PP tem 5 e a oposição 18 deputados, o que soma 34. Tem ainda o PRB com dois deputados. Alguns terem assinado a lista não significa nada. Até fevereiro tem muita água para rolar”, mandou recado. Extraído da Tribuna da Bahia.