O jornal A Tarde apresentou, na edição desta terça-feira (20), uma matéria que serviria de resposta para o escândalo envolvendo o atual prefeito de Itaberaba, na Chapada Diamantina, João Almeida Mascarenhas Filho (PP). Segundo texto do periódico, o gestor foi quem exonerou o primo e agora ex-secretário de Administração da prefeitura, Alberto Magno de Almeida Leal, após ter descoberto que o parente cobrava propinas de empresas que tinham contrato com a prefeitura. Esse mesmo familiar do prefeito foi honrado com o título de um dos melhores e mais atuante secretário no ano de 2014. O ex-secretário procurou a imprensa e acusou o prefeito João de desvios mensais de R$ 1 milhão. Ele relata ainda que teve a casa invadida a mando do prefeito, quando homens chegaram a apontar arma para a cabeça de uma criança de nove anos.
Em sua resposta, publicada pelo jornal baiano, o gestor progressista apresentou documentos que comprovariam a prática irregular do seu primo. Acompanhado do advogado Luiz Augusto Coutinho, da secretária de governo e sua irmã, Marigilza Mascarenhas, e do secretário-geral do PP e prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro, mostrou cópias de depósitos bancários em conta pessoal de Alberto Leal. De acordo com o texto do A Tarde, o depositante identificado em três dos cinco documentos é a Fraga & Morais Advogados Associados, que presta serviço técnico especializado de assessoria em processos de aposentadoria e pensões para efeitos de compensação previdenciária à Itaberaba Previdência (Itaprev), autarquia do município.
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No decorrer da matéria, o jornal apresenta datas, valores e tudo que o prefeito João Filho tinha contra o primo. Diz que nos dias 3 e 18 de junho de 2014, existem registros de depósitos no valor de R$ 2 mil. Já no dia 10 de setembro, o valor é de R$ 4 mil. Aconteceram ainda outros depósitos de R$ 2 mil, ocorrido em 21 de fevereiro, que teria como depositante uma sócia da empresa de advocacia. Segundo o prefeito e seus assessores, houve ainda outro depósito de R$ 5.240,00 (neste não foi possível identificar a data e o depositante no comprovante bancário). João Filho disse que decidiu exonerar o secretário quando soube das práticas. “Tivemos o caso desta empresa que denunciou e apresentou os depósitos na conta do ex-secretário. Ele cobrava esta propina, dizendo que as fazia em meu nome, sob risco de os contratos serem rescindidos”, declara o prefeito que responde a mais de 30 processos na justiça.
Assalta a mão armada
O jornal A Tarde também ouviu João Filho sobre as acusações do primo, que disse que o prefeito mandou invadir a sua casa, em ação conjunta com o presidente da Câmara de Vereadores, Zenildo Nascimento Aragão (PHS), o popular Paraná. “Jamais faria isso”, sintetizou o gestor. Alberto Leal guardaria em casa documentos que provariam corrupção na prefeitura. O prefeito disse que não faria sentido roubar estes documentos, uma vez que há cópias na prefeitura e nas secretarias. João Filho afirma ainda que o ex-secretário queria extorqui-lo. “Ele disse que se eu não pagasse a ele, apresentaria denúncias”. O prefeito diz ainda que Alberto Leal tentou, também no dia 15 janeiro, invadir seu gabinete portando arma de fogo.
Advogado de Leal diz que criminoso quer virar vítima
Na matéria do A Tarde, o advogado de Alberto Leal, Leonardo Moscoso, foi ouvido e disse que o prefeito de Itaberaba quer tentar reescrever a história dos fatos. “O criminoso quer inverter os fatos para se fazer de vítima”, disse Moscoso. O advogado disse ainda desconhecer os documentos bancários que apontam depósitos da Fraga & Morais Advogados Associados na conta pessoal de Alberto Leal. “Não posso comentar sobre estes depósitos, sobre estes documentos, pois não tive acesso a eles”, argumenta. Leonardo Moscoso pertence a um grupo político de oposição em Itaberaba, mas ele acusa o prefeito de tentar dar outra sequência à ordem dos fatos. “Ele disse que exonerou o secretário no dia 14, mas ele o exonerou após ele ter entregue uma carta de demissão no Ministério Público”, disse.
Outros desvios
Ainda na matéria do jornal, Leonardo Moscoso disse que ingressará com ações na Justiça Federal, nas quais afirma que apresentará denúncias de desvios de verbas federais e de recursos para a saúde e a educação. Ele disse também que os dois filhos de Alberto Leal e a sogra saíram da cidade depois da invasão da casa no dia 15. “Somente a esposa continua com ele. Eles têm medo de morrer”, disse o advogado.