Estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) decidiram entrar em greve em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (2), no campus de Ondina, em Salvador. A decisão ocorre cinco dias depois de os professores da instituição terem aprovado paralisação por tempo indeterminado. De acordo com a coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufba, a estudante de direito Lorena Pacheco, a mobilização dos alunos é por conta do impacto causado pelo ajuste fiscal implementado pelo governo federal. Alguns discentes, no entanto, foram contrários à paralisação.
Desde janeiro desse ano, a Ufba enfrenta contingenciamento mensal no orçamento que chega a 40%, além de contar com um déficit de R$ 28 milhões relacionado a débitos de 2014. “A gente entende que esse ajuste do Ministério da Educação, de nove bilhões, reverbera para dentro da universidade. Isso não afetou apenas o ministério, afeta o nosso dia a dia, já que convivemos com falta de luz nas unidades, falta de água, além da enorme fila que os estudantes enfrentam no restaurante universitário”, destacou.
Os estudantes também reclamam de atraso no pagamento de bolsas de assistência estudantil por conta da crise financeira. “A comunidade discente da Ufba entende que, com essa crise, com todos esses cortes, nao tem condições de manter atividades”, destacou Lorena. Além de representantes do DCE, também participaram da assembleia desta terça membros dos centros acadêmicos (CAs) das unidades da Ufba e da Associação dos Pós-Graduandos da instituição (APG), entre outros.
A assessoria de comunicação da Ufba informou, às 20h40, que ainda não havia sido informada sobre a deflagração da greve dos estudantes. A Universidade Federal da Bahia conta com 35 mil alunos distribuídos em 100 cursos de graduação.
Professores e técnicos administrativos
Os professores da UFBA decidiram entrar em greve, durante assembleia realizada no último dia 28. Os servidores pedem reajuste salarial, reestruturação da carreira e aumento de investimentos nas universidades federais. Segundo o Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino (APUB), o ajuste fiscal promovido pelo governo federal é um dos itens questionados pelos professores.
“Os professores da UFBA estão em conjunto com a pauta nacional específica. Portanto, a pauta se articula com um conjunto de outros servidores públicos federais, que é contra o corte de recursos e recursos de direitos. Ainda tem o critério mais geral como salário, carreira e condições de trabalho”, afirmou o diretor da Apub, Cláudio Lira. A última paralisação dos docentes havia ocorrido em 2012. Além da UFBA, outras universidades do Brasil aderiram ao movimento.
Os funcionários técnicos administrativos da UFBA também estão com as atividades paralisadas. Entre os itens da pauta de reivindicações, estão o índice de 27,3% no piso da tabela considerando as perdas de janeiro de 2011 a julho de 2016, reconhecimento de títulos de mestrado e doutorado obtidos fora do país, e melhorias nas condições de trabalho, a exemplo de turnos contínuos com redução da jornada de trabalho para 30 horas, sem ponto eletrônico e sem redução de salário.
Segundo o Sindicatos dos Trabalhadores Administrativos da Universidade Federal da Bahia (Assufba), os funcionários fizeram uma programação de comando de greve para não deixar de atender serviços necessários, como os hospitais universitários. A Assufba ainda informou que a paralisação dos servidores afeta a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), além da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), que fica em São Francisco do Conde. Extraído na íntegra do Portal G1.