A Bahia, por meio da Bahiafarma, pretende começar a produzir órteses, próteses e testes rápidos para doenças como HIV, HCV e Sífilis. Para isso, o governador Rui Costa assinou, na terça-feira (30), na Governadoria, memorandos de entendimento com empresas italiana e a sul-coreana, para transferência de tecnologia. O governador recebeu os diretores da italiana Bioimpianti, Stefano Barbieri, que produz orteses e próteses, e da sul-coreana Genbody INC, Chom Kyu Chong, que produz testes rápidos. Rui solicitou que fosse definido o cronograma para a efetivação da parceria e também aprofundou o conhecimento a respeito das possibilidades dos negócios, que trazem benefícios tanto para a saúde do povo baiano e brasileiro quanto para o desenvolvimento econômico do Estado.
Segundo o superintendente de Desenvolvimento Econômico do Estado, Paulo Guimarães, já foram iniciadas as negociações para que o Ministério da Saúde adquira os produtos da Bahiafarma. “As próteses utilizadas hoje pelo Ministério da Saúde ou são compradas de uma empresa estrangeira ou de um fornecedor nacional que tem produtos de menor qualidade. Nós podemos entrar neste mercado. E no caso dos testes de HIV, HCV e sífilis, por exemplo, nós poderemos dividir o mercado com a Fiocruz”, afirmou Guimarães.
O secretário da Saúde, Fábio Vilas Boas, destacou que o mercado de próteses está crescendo no Brasil e que, na Bahia, há um grande número de cirurgias de colocação de próteses na cabeça do fêmur, devido às características genéticas da população. “Além de representar significativa redução de custos na aquisição desses produtos, serão criados empregos qualificados, haverá domínio de um processo tecnológico avançado e estratégico e ainda por cima o Estado passará a ter uma nova e importante fonte de receita”.
Infraestrutura e mão de obra
De acordo com o diretor da sul-coreana Genbody INC, Chom Kyu Chong, a Bahia tem infraestrutura e mão de obra qualificadas e mais baratas do que na Coréia do Sul. “O estado também tem uma localização estratégica para a distribuição do que for produzido”. E o diretor da italiana Bioimpianti, Stefano Barbieri, disse que neste momento foi assinado o termo de colaboração. “Agora vamos continuar a negociação para fornecer nossa expertise adquirida em 20 anos de experiência neste segmento. Assim a Bahia pode adquirir o know-how e crescer em tecnologia”.
Termos do memorando
A iniciativa vai permitir a transferência de tecnologia para a Bahiafarma atender à crescente demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) nestas áreas, além de incentivar as empresas a se instalarem no estado, transformando a Bahia em um pólo farmoquímico. A partir da fabricação de produtos inovadores, a Bahia visa diminuir os custos das aquisições e fomentar o desenvolvimento tecnológico do estado, além de trabalhar a venda desses produtos junto ao Ministério da Saúde, que destinou em 2014 cerca de R$ 1,9 bilhão do seu orçamento para órteses e próteses, isso sem contabilizar os testes rápidos, que englobam, entre outros, HIV/Aids, Hepatite C, Sífilis.
Testes Rápidos
Os testes rápidos de diagnósticos são uma ferramenta clínica valiosa para prática da medicina, constantes em protocolos clínicos do Ministério da Saúde e utilizados na detecção e diagnóstico de infecções. São testes que produzem resultados em, no máximo, 30 minutos e apresentam metodologia simples, com utilização de antígenos virais. Os testes rápidos substituem o teste convencional, podendo ser indicados para triagem e diagnóstico da infecção de doadores em bancos de sangue e de outros tecidos biológicos.
Os testes também são úteis para se tomar uma decisão terapêutica em situações de emergência específicas, como em casos de profissionais de saúde que tenham tido exposição ocupacional de risco ou de gestantes prestes a entrar em trabalho de parto, além da identificação precoce, por exemplo, dos casos de dengue. Nessas situações, os testes rápidos se mostram convenientes para indicar um tratamento profilático em tempo hábil e com boa relação de custo-efetividade.
Órteses e próteses
Esses investimentos têm tendências de crescimento decorrente do aumento do acesso da população a meio de transporte como motocicletas e ao aumento da população idosa, que se traduz em maior carga de doenças e, consequentemente, mais incapacidades e deficiências, refletindo no aumento de 20% ao ano nas despesas do SUS. No que se refere às internações na rede SUS na Bahia, em 2013, último dado consolidado, cerca de 11 mil internações foram para tratamento de lesões decorrentes de acidentes de trânsito, o que representou um custo superior a R$ 11 milhões para o Estado. Este montante não contabiliza medicamentos, fisioterapias, órteses e próteses, o que multiplicaria este valor em mais de dez vezes.
Em 2013, 52,6% das internações por acidentes de trânsito foram de motociclistas, devido ao grande número de pessoas que passaram a trafegar utilizando este tipo de veículo, elevando a exposição ao risco de se envolver em acidentes. Devido à falta de proteção que este veículo impõe ao condutor, o envolvimento em acidentes tende a ser grave, com elevado número de mortes e internações.