O PDT está de volta aos radares do prefeito ACM Neto, que tem avaliado sua saída do Democratas. No início do ano, o gestor suspendeu as negociações que vinha mantendo com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para se dedicar à então fusão do DEM com o PTB. Na quinta-feira (2), o senador José Agripino Maia, presidente nacional da legenda democrata, deu por encerradas as tratativas para tentar fazer vingar a fusão. “Hoje, damos por encerradas as discussões referentes à fusão do partido com o PTB”, anunciou o senador. “Tratativas aconteceram, mas chegamos a um impasse e o tempo passou. Por fim, entendeu-se que a discussão da fusão, que foi autorizada pela própria Executiva, determinava riscos para o partido, um risco sério de não participarmos do processo eleitoral, e, portanto, era preciso interromper”, ressaltou Agripino.
Com a fusão descartada, o prefeito teria se voltado para a opção descartada anteriormente que seria o PDT. Em conversa com reportagem da Tribuna, o presidente Carlos Lupi reforçou que as conversas não são de agora. “Tenho mantido contato permanente com ele, temos uma ligação muito boa. Ele está avaliando, não disse que sim, mas que está conversando com o grupo dele”, disse o líder do PDT.
Essa versão é a que o prefeito ACM Neto diz publicamente. No mês passado, ao ser abordado por jornalistas em um evento da sua agenda administrativa no bairro do Rio Vermelho, o democrata afirmou que está em processo de discussão interna no partido e que qualquer decisão de mudança de ninho partidário será tomada em comum acordo com todos os partidos que integram seu bloco de alianças na prefeitura.
“É natural que nesse momento, respeitando o calendário eleitoral que impõe que até o início de outubro exista uma definição de filiações partidárias, existam várias especulações. Vários partidos têm especulado. Primeiro, quero dizer que fico, obviamente, lisonjeado de saber que alguns partidos gostariam de me ter nas suas fileiras”, destacou o prefeito na época. “Nesse momento, existe uma discussão interna no Democratas que precisa ser esgotada. Somente depois de esgotada a discussão é que nós vamos avaliar as possibilidades”, apontou.
O namoro entre ACM Neto e o PDT antes da pretensão da fusão PTB-DEM vinha sendo nutrido com uma relação amigável. Na montagem da sua reforma administrativa no final do ano passado, Neto nomeou para a sua Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Emprego a ex-vereadora Andrea Mendonça, irmã do presidente do PDT na Bahia, Félix Mendonça Júnior.
Após isso, no começo da atual legislatura dos deputados estaduais baianos, o prefeito teria orientado a bancada do DEM na Assembleia Legislativa da Bahia (AL) a votar no deputado estadual Marcelo Nilo, do PDT, para o posto de presidente da Casa.
Com o partido na base do prefeito democrata, o governador Rui Costa (PT) deu o ultimato à legenda pedetista que escolhesse entre apoiar seu governo ou o do prefeito ACM Neto.
Sob o comando de Félix Jr., o partido optou por romper com a administração petista, onde tinha duas secretarias, a de Agricultura, que havia sido ocupada pela prima de Félix, Fernanda Mendonça (exonerada após o rompimento), e a de Administração Penitenciária e Ressocialização, com o pedetista Nestor Duarte, que permaneceu no cargo com o apoio dos deputados estaduais do PDT, endossado pelo presidente da Assembleia, deputado Marcelo Nilo, que ficaram sob as asas do governo estadual.
Além das duas pastas, outro primo de Félix, Manoel Mendonça, foi nomeado para a Secretaria de Ciência e Tecnologia, mas ficou na função por ser considerado uma indicação da comunidade científica.
Além do partido que comanda o Ministério do Trabalho e Emprego no governo Dilma Rousseff (PT), Neto estaria flertando com o PMDB, presidido na Bahia pelo ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, que já disse ter portas abertas para o prefeito. “Vamos sentar para conversar”, disse o dirigente partidário em junho. Já entraram fila de especulações também PSB e PSDB. Da Tribuna da Bahia.