Depois de vencer o cubano Asley González na final da categoria 90 kg, o judoca Tiago Camilo subiu no pódio para receber pela terceira vez uma medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos. Expressão séria, bateu continência enquanto o Hino Nacional era tocado e a bandeira brasileira subia. E Tiago não foi o primeiro. O também judoca Charles Chibana repetiu o gesto ao receber a medalha de ouro na categoria até 66 kg. Maria Portela, bronze até 70 kg, fez o mesmo. O motivo da reverência é que os três atletas são contratados das Forças Armadas (FA) e, para isso, tecnicamente se tornaram militares. Um projeto, chamado de Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento, criado em 2009 em uma parceria entre Ministério da Defesa e o Ministério do Esporte, fez com que vários atletas se alistassem, representando Exército, Marinha ou Aeronáutica.
Em nota, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), disse que o ato é uma demonstração de patriotismo dos competidores e não tem conotação política. “O COB entende, portanto, que a continência, além de regulamentar, quando prestada de forma espontânea e não obrigatória, é uma demonstração de patriotismo, sem qualquer conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao subir no pódio e se saber vencedor. Segundo muitos deles, representa também um reconhecimento pelo apoio que recebem das Forças Armadas e uma manifestação do orgulho que têm em representar o país”, informou em nota.
A entidade ainda destacou que os atletas brasileiros que integram a equipe do Exército, da Aeronáutica e da Marinha brasileiras são militares também quando não estão fardados. “O Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito prevê que a ‘continência é a saudação do militar’. É um sinal de respeito que deve ser prestado, estando ou não com a cabeça coberta. Reza ainda que o militar da ativa deve, em ocasiões solenes, prestar continência à Bandeira e Hino Nacional Brasileiro e de países amigos. É bom notar que esses atletas não são militares apenas quando estão fardados, mas sim, todo o tempo”, completou.
Ao todo, o Brasil tem 123 atletas que fazem parte das Forças Armadas do país. Segundo a assessoria de comunicação, 41% das medalhas conquistadas até aqui foram de competidores que fazem parte do Exército, Marinha ou Aeronáutica. Foram sete de ouro, duas de prata e oito de bronze. Alguns atletas, como a medalhista de prata Mayra Aguiar, disseram que a continência foi um pedido feito pelos militares. “Na verdade, eles pediram pra fazer. Mas é uma coisa da gente. A gente ficou na iniciação um mês, lá dentro. Aprendeu muita coisa e pegou o espírito do militarismo”, falou.
Confira a nota do Comitê Olímpico Brasileiro na íntegra:
O projeto de parceria das Forças Armadas (FA) com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) teve início em 2009. Naquela ocasião, o Brasil fora escolhido para sediar os V Jogos Mundiais Militares e precisava formar uma equipe de militares capaz de representar com sucesso o anfitrião do evento. Por outro lado, o COB entendeu que o apoio das FA seria de grande valia na preparação de nossos atletas de alto rendimento.
Para avaliar o desafio, uma equipe do Ministério da Defesa e do COB viajou à Europa e verificou como isso funcionava em países como Alemanha, França, Itália, Hungria, etc. A Marinha e o Exército decidiram então publicar editais com as condições para seleção e admissão dos candidatos. Concretizava-se um sonho antigo daqueles que acreditavam que o exemplo de outras nações tinha tudo para dar certo no nosso país. Recentemente, a Força Aérea aderiu ao programa. Ministério da Defesa, Ministério do Esporte e Comitê Olímpico do Brasil uniram ações e recursos para que todas as dificuldades fossem superadas.
O indiscutível sucesso dessa iniciativa se reflete em números altamente positivos. Os atletas foram criteriosamente selecionados e passaram por treinamentos duros e períodos de adaptação à nova situação profissional. Hoje, mais de trezentos deles ganharam direitos e deveres da profissão militar. Com isso, se sentem ainda mais amparados para se superar a cada dia, em busca de vitórias que projetam o nome do Brasil. Dezenas de medalhas foram conquistadas por eles em competições internacionais de diferentes níveis.
Sobre o assunto que motivou essa introdução:
1 – O Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito prevê que a “continência é a saudação do militar”. É um sinal de respeito que deve ser prestado, estando ou não com a cabeça coberta. Reza ainda que o militar da ativa deve, em ocasiões solenes, prestar continência à Bandeira e Hino Nacional Brasileiro e de países amigos. É bom notar que esses atletas não são militares apenas quando estão fardados, mas sim, todo o tempo.
2 – O COB entende, portanto, que a continência, além de regulamentar, quando prestada de forma espontânea e não obrigatória, é uma demonstração de patriotismo, sem qualquer conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao subir no pódio e se saber vencedor. Segundo muitos deles, representa também um reconhecimento pelo apoio que recebem das Forças Armadas e uma manifestação do orgulho que têm em representar o país.