O destino partidário do senador Walter Pinheiro tem se delineado com o passar dos dias, à medida que novas informações de bastidores vão surgindo sobre as conversas que o político tem mantido com pessoas próximas. Sua saída do PT é negada por ele e por dirigentes do partido, mas o parlamentar tem buscado uma legenda para se abrigar e isso foi confirmado pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que falou à Tribuna sobre o interesse do senador na legenda.
“Há cerca de um mês tive uma conversa com o senador. Ele está numa situação difícil, coloquei o partido à disposição e disse que o PDT receberia bem a decisão dele”, contou Lupi.
A ida do petista fortaleceria o Partido Democrático Trabalhista na disputa por uma cadeira do Senado Federal, que tinha o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL), Marcelo Nilo, como uma aposta interna. No entanto, as desavenças entre Nilo e o presidente da legenda, o deputado Félix Mendonça Júnior, levaram o chefe do Legislativo a abrir mão do partido e agora se debruça a criar o Partido Liberal na Bahia com o intuito de ser presidente da sigla regionalmente. Com Pinheiro, o partido teria um puxador de votos com possibilidade de reeleição.
“Seria excelente, um grande político, excelente no que faz, um nome com muitos votos na Bahia”, aspirou Lupi, que ressaltou não ter a intenção de interferir na decisão do ainda petista. “O PDT não pode interferir na cisânea de ninguém, mas apenas acatar as decisões tomadas pelos que queiram vir para nosso partido ou até deixá-lo”, disse o dirigente.
Os petistas não se sentem confortáveis em falar na perda do militante que já tem quase 30 anos no PT. O presidente do partido na Bahia, Everaldo Anunciação, prefere não acreditar nas informações veiculadas recentemente de que o senador esteja dialogando com o PDT para uma possível migração partidária. “Ele continua afirmando ao PT que não sairá. Eu prefiro acreditar no que ele me diz”, disse o dirigente petista ao site Bocão News. Por trás ainda da ida de Pinheiro para o PDT tem o interesse do prefeito ACM Neto (DEM) em ter uma aliança fortalecida em 2018 com a eventual ida do senador para o partido liderado na Bahia por Félix Jr.
Na semana passada, o prefeito se reuniu em Brasília com o senador para tratar de apoio na liberação de recursos para a implantação do BRT em Salvador, mas o encontro teria ido além dos assuntos administrativos. “Você não pode impedir que um senador do PT não dialogue com um prefeito. Isso é normal do processo. O que não temos com esse partido é uma afinidade ideológica”, disse Anunciação à Tribuna, além de reconhecer o prejuízo que será para a legenda a saída de Pinheiro.
Assim como disse o presidente Lupi, Félix Mendonça reforça que com Pinheiro no PDT, a disputa por uma das duas cadeiras que a Bahia terá no Senado no ano de 2018 seria do ainda petista que fará seus oito anos de mandato e poderá até dividir o palanque político com o peemdebista Geddel Vieira Lima, que sonha em ser senador, ao lado do prefeito ACM Neto, que tem planos de disputar o cargo de governador da Bahia. “Pinheiro teria a prioridade para disputar, pelo PDT, na chapa majoritária [em 2018] que for formada. Ele seria o nome do PDT para isso, caso ele quisesse renovar o mandato [de senador], por exemplo”, disse o dirigente baiano.
No final de semana, em contato com a imprensa baiana, o petista disse que está aguardando o PDT resolver a pendenga dentro do partido para decidir sua mudança partidária. Como o deputado Marcelo Nilo já está praticamente com sua ida para o PL selada, precisando apenas da concretização da legenda, o senador encontra caminho livre para adentrar a sigla. Extraído da Tribuna da Bahia.