A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) já definiu o tema para 2016 do Carnaval no Pelourinho, realizado através do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI). ‘Cem Anos de Samba’ é o mote escolhido para decorar o Centro Histórico e celebrar a festa, homenageando o ritmo musical considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. O Carnaval da Secult propõe a democracia e a diversidade nos festejos, levando para as ruas durante todos os dias e circuitos da folia a mistura de ritmos e gêneros musicais e, principalmente, a estética e a arte de diferentes artistas, grupos e entidades culturais da Bahia. São centenas de atrações e shows gratuitos de afoxé, samba, reggae, axé, pop, MPB, fanfarras e muito mais.
O samba
Nos primórdios do século XX, as primeiras expressões do samba surgiram como estilo descendente do lundu, nas festas dos terreiros entre umbigadas (semba) e pernadas de capoeira, marcado no pandeiro, prato-e-faca e na palma da mão. O tradicional samba de roda do Recôncavo Baiano – registrado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2004 e proclamado Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2005 –, é uma das fontes do samba no Rio de Janeiro, que teve surgimento com as ‘tias baianas’, termo dado às baianas descendentes de escravos no final do século XIX e que deixaram Salvador por causa de perseguições policiais. As tias baianas são consideradas figuras influentes para o surgimento do ritmo e, dentre as principais, destacaram-se Tia Amélia, Tia Prisciliana e, talvez a mais conhecida delas tenha sido Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata.
Graças às tias baianas e seus filhos, tais como Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, e João da Baiana, o ano de 1916 entrou para a história da Música Popular Brasileira. ‘Pelo Telefone’, música composta por Donga, é considerada o primeiro samba a ser gravado no Brasil, de acordo com registros existentes na Biblioteca Nacional. A composição marcou o reconhecimento do samba como novo gênero musical. Além do samba de roda do Recôncavo Baiano, são considerados Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil as matrizes do samba no Rio de Janeiro – o partido alto, o samba de terreiro e o samba enredo, que se tornaram, ao longo do século XX, símbolos da identidade brasileira.