Diversas cidades do interior sofrem com o pequeno número de médicos para atender as demandas locais. Pensando em melhorar essa realidade, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), campus de Jacobina, na Chapada Diamantina, iniciou há cerca de três anos um movimento para abrigar em suas instalações o primeiro curso de medicina da região. Quando souberam que o curso não poderia funcionar na instituição, o sonho da população de Jacobina de ter uma faculdade de medicina não poderia acabar. Por isso, o Ifba, por meio do diretor Epaminondas Macedo, continuou presidindo a comissão formada por representantes da sociedade civil local. O projeto elaborado pelo Instituto foi repassado para a prefeitura, que era a responsável pela inscrição em edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC).
No mês de julho, o município soube que seria uma das 36 cidades que receberam aval do governo federal para abrigar uma instituição privada que oferecerá o curso. Em Jacobina, a vencedora do edital foi a Faculdade Ages, sediada em Paripiranga (BA). Após o anúncio, surgiu um debate em torno do projeto de lei da prefeitura de Jacobina que doa um terreno público para a construção da sede da nova faculdade. “O projeto prevê uma área de 60 tarefas para até então um único curso, apesar da Prefeitura falar sem nenhum documento que serão seis cursos”, informa Epaminondas.
Preocupados com essa questão, parte dos vereadores de Jacobina quer diminuir a área. Por isso, Epaminondas Macedo participou na última sexta-feira (4) de sessão na Câmara de Vereadores de Jacobina, para pedir aos parlamentares que antes de votar o projeto de lei ouçam a sociedade e a Ages por meio de audiências públicas, como ocorreu a partir de 2009 com as discussões da doação do terreno para a construção do campus do Ifba.
Ainda sobre a ideia inicial do curso de medicina, o professor destacou que “muitos hoje aparecem como os responsáveis pela vinda do curso, mas no passado foram contrários ou omissos, inclusive alguns vereadores. E aqui nasceu uma comissão da sociedade civil. Nós fomos taxados de demagogos e loucos mas nós seguimos em frente. Não compreendo como um projeto nascido na Câmara não pode continuar sendo discutido e ouvido pela comunidade. Temos que doar o terreno, mas vamos fazer de forma competente e bem feita”.
No final do discurso, Epaminondas citou a resposta do e-mail enviado para a Ages. Nele, o diretor geral da faculdade, José Wilson dos Santos informa que o processo de autorização ainda está em fase de finalização. Ele afirma que somente após a autorização final do MEC é que a Ages poderá participar de uma audiência pública na cidade. No e-mail, José Wilson informa ainda que a questão da doação não é fundamental pois a empresa tem recursos financeiros para comprar um terreno na cidade.
Após o discurso de Epaminondas, os vereadores decidiram suspender a votação do projeto de lei até a visita que será realizada à Ages nesta quinta-feira (10). O projeto deve ser votado na sessão do dia 14 de setembro. Mais informações: www.jacobina.ifba.edu.br.