O líder da oposição na Câmara de Vereadores de Salvador, Luiz Carlos Suíca (PT), não poupou críticas ao caso envolvendo a prisão do senador da República, Delcídio Amaral (PT-MS). Nesta sexta-feira (27), o edil disse que é preciso descobrir “quem foi o responsável por haver tantos ex-tucanos compondo o quadro de filiados no ninho petista”. Para Suíca, essa relação tem gerado “problemas para a sigla, principalmente para os militantes e políticos que ajudaram na fundação do partido”. “Tem algum petista no PSDB? Eles não aceitam, tiveram companheiros que saíram do PT, mas foram para o Solidariedade, para o PV, partidos que apoiam o governo do DEM em Salvador. Mas não foram diretamente para o DEM ou para o PSDB. E no PT, a gente tem aquela velha história de que ‘santo de casa não faz milagre’”.
O vereador também questionou o que chamou de “indignação seletiva”, por relacionarem sempre os políticos presos apenas ao governo atual ou ao PT. “Políticos corruptos devem ser presos mesmo neste país, mas não podemos aceitar que se relacione apenas ao partido que está no governo. Óbvio que, por ser governo, está mais propício a investigações, mas neste caso de Delcídio, é preciso dizer que o cara sempre foi tucano, era funcionário de FHC [Fernando Henrique Cardoso], nos governos do PSDB”, dispara. Segundo Suíca, a corrupção sempre esteve presente no país e que não foi o PT quem criou a corrupção. “Pra mim é corrupto tanto quem rouba como quem recebe desse roubo, mas só foram presos no mensalão quem pagou, os deputados comprados todos estão soltos”.
Relação de Delcídio com o PSDB
Antes de ser líder do governo no Senado, Delcídio Amaral foi diretor de gás da Petrobras nos anos 90, durante o governo FHC, tendo como subdiretor Nestor Cerveró, a quem ele tentou comprar o silêncio e por isso foi preso. De acordo com Suíca, as ligações com os tucanos não param por aí. Delcídio também conheceu Fernando Baiano, acusado de ser o operador da corrupção na Petrobras, no período em que exercia a diretoria da empresa, segundo dados da operação Lava Jato, da Polícia Federal.
O vereador ainda apontou que Pérsio Arida, também ligado aos tucanos, foi presidente do Banco Central ao longo do governo FHC, e era casado com Elena Landau, consultora do Banco Opportunity, que adquiriu a Companhia Energética de Minas Gerais [Cemig], uma das financiadoras do ‘Mensalão Tucano’. “Esse mensalão, que nunca foi julgado, teve como operador Marcos Valério e entre os acusados de ser beneficiário deste esquema de corrupção está justamente o senador Delcídio Amaral”, finaliza Suíca.