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Fogo na Chapada: Governo diz apoiar combate, mas brigadistas pedem ajuda à sociedade civil

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Brigadistas voluntários já atuam contra os incêndios florestais há mais de 40 dias | FOTO: Dmitri de Igatu |

Os dias têm sido exaustivos para os brigadistas voluntários que atuam no combate aos focos de incêndio na Chapada Diamantina. Atualmente são registrados focos em Palmeiras (Vale do Capão), Andaraí, Ibicoara, Lençóis, Jacobina, Pindobaçu e Barra da Estiva, interditando pontos turísticos e causando prejuízos inestimáveis à fauna e flora da região e à economia local. A atuação no combate às chamas conta com o governo da Bahia, que anunciou ações que foram tomadas para apoiar a luta contra os incêndios, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema). Entretanto, as brigadas voluntárias seguem contestando a atuação do Estado e pede ajuda da sociedade civil para auxiliar nos combates, inclusive com moradores fazendo ação de aceiro nos locais onde foram afetados pelo fogo.

Mesmo com as ações divulgadas pelo governo estadual, a Associação dos Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACV-VC), fez um apelo na manhã deste sábado (12). “Estamos precisando de brigadistas para rescaldo da linha de fogo que foi combatida durante a noite. Agora precisamos fazer o rescaldo para que ela não reacenda, nos colocando em risco.”, dizia a nota.

Homero pede ajuda do Exército Brasileiro e volta a questionar atuação dos governos | FOTO: Divulgação |

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O presidente dos Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí (Cifa), Homero Vieira, procurou o Jornal da Chapada, neste sábado (12), para também contestar a atuação do poder público e questiona porque ainda o Exército Brasileiro não foi convocado. “Os brigadistas voluntários estão há quase dois meses na luta. Já que o governo federal não está participando em nada nos combates na Chapada Diamantina, em particular no Parque Nacional, poderia ao menos ceder mais homens convocando o Exército”.

Segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, “a defesa civil do estado solicitou à defesa civil nacional apoio de pessoal e equipamento pra reforçar a capacidade de combate”. Para Spengler a situação “está muito difícil por causa da situação climática que não favorece. O período de chuvas da Chapada Diamantina já deveria ter iniciado há um mês, um mês e meio. Então estamos com muita matéria orgânica seca, baixa umidade do ar e ventos fortes, o que tem colaborado para proliferação de focos e dificultado a ação de combate”.

Fogo no Capão se espalhou e chegou bem próximo de residências em comunidades do Vale, além de ameaçar nascentes de rios | FOTO: Campina Vale do Capão |

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Brigadistas clamam por ajuda
Conforme a ACV-VC, a situação continua crítica devido ao clima seco, alta temperatura e desgaste de pessoal e material. A ACV-VC ainda informa que precisa de mais voluntários para subir a Serra. “Continuamos contando com o máximo de ajuda de todos”. O trabalho segue até a exaustão dos brigadistas, que atuaram dois dias seguidos no combate que ameaçava casas e destruiu parte da vegetação e fauna das serras da Larguinha e do Boqueirão.

“Estamos com mais de 40 voluntários em ação no momento, realizando o rescaldo na trilha da [cachoeira] da Fumaça e Boqueirão. Nos últimos dias tentamos de tudo, aceiros, utilização de motobombas contra fogo, linha negra, ajuda de outras brigadas da região entre outras ações”, completa, em nota, a associação.

Situação em Lençóis também é crítica e já ameaça área urbana e afeta estradas para a zona rural | FOTO: Sabrina Cristina Martins‎ |

Conforme o governo estadual, a operação coordenada pelo programa Bahia Sem Fogo conta com 60 bombeiros militares, 40 brigadistas, 8 peritos, quatro veículos tracionados, dois helicópteros e quatro aviões modelo air tractors (capazes de transportar até 3,8 mil litros d´água). Além disso, o governo disse ter contratado mais dois aviões e um helicóptero para ampliar as ações.

A jornalista Laís Correard, moradora de Lençóis há quatro anos, disse ao site Correio24horas que essa é a primeira vez que ela presencia uma situação grave de incêndio. “É uma tensão que a gente está vivendo. Nunca tinha precisado fazer algo em meu terreno para me proteger do fogo, por exemplo”, esclarece Correard. De acordo com a Associação dos Condutores de Visitantes de Lençóis (ACVL) , apesar de possuir equipamentos, eles estão precisando de mais materiais, dentre eles lanternas, macacões, botas e bolsas de água.

Jornal da Chapada

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