Um documento apreendido na casa do senador Delcídio Amaral na Operação Lava Jato revela que o esquema na Petrobras rendeu 100 milhões de dólares ao governo Fernando Henrique Cardoso. O papel faz parte do acordo de colaboração premiada do ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró. Amaral foi diretor de Gás e Energia entre 1999 e 2001 no segundo mandato do ex-presidente. Cerveró era gerente da área e subordinado do senador na época.
De acordo com as anotações, a propina estaria ligada a compra da petrolífera argentina Perez Compancq pela Petrobras em 2002, último ano do mandato de FHC. Cerveró afirma que cada diretor da empresa argentina recebeu um milhão de dólares pela venda da empresa e Oscar Vicente, segundo Cerveró, principal operador do ex-presidente argentino Carlos Ménem, teria ficado com seis milhões de dólares.
O texto faz parte de um conjunto de anotações de Cerveró que orientaram sua delação premiada. O documento não dá detalhes de quem recebeu a propina dentro do governo brasileiro. A petrolífera argentina vendeu 58,62% das ações para a estatal brasileira pelo valor de 1,027 bilhão de dólares. O ex-presidente nega qualquer participação em esquemas ilícitos na Petrobras.
Amaral foi preso no final do ano passado por tentar impedir que Cerveró citasse seu nome em sua delação. O senador teve acesso a trechos da colaboração do ex-diretor da estatal que vazaram de dentro do presídio no Paraná onde Cerveró está preso. Cerveró já havia afirmado que a multinacional francesa Alstom havia pagado 10 milhões de dólares a Amaral por conta de um contrato de 550 milhões de dólares pela aquisição de turbinas para a termoelétrica Termo Rio, no estado fluminense. O contrato teve o objetivo de tentar reduzir os impactos do apagão no governo FHC. Matéria extraída na íntegra do site da Revista Carta Capital.