Colocar mortalha, colar, turbante, maquiagem e muita água de cheiro. Esse é o ritual que as mais de 30 percussionistas do afoxé Filhas de Gandhy realizam antes de sair para curtir o Carnaval. Foi assim na noite de domingo (6), no primeiro andar da sede do bloco no Pelourinho, e vai ser assim nesta segunda-feira (8) no Circuito Dodô (Barra-Ondina) e terça-feira (9) no contrafluxo do Osmar, na Rua Carlos Gomes, sempre a partir das 16h. O bloco desfila há 37 anos no Carnaval de Salvador.
Percussionista do bloco desde 2006, quando foi indicada por uma amiga para participar do grupo, a comunicóloga Suzana Batista revelou que o principal elemento para ser filha de Gandhy é não deixar faltar alegria. “Temos os colares, o turbante e os instrumentos mas o que não pode faltar é o sorriso no rosto. Nós vamos para a rua pra levar axé aos corações”. Entre os instrumentos que ela toca estão xequerê, agogô e atabaque.
Já para dona Isolina, membro da diretoria e presente há 36 anos no bloco, o item mais importante para integrar o grupo é ter harmonia e paz no coração. “O principal objetivo é levar alegria para as pessoas. O que a gente espera é que elas tenham um Carnaval alegre e cheio de paz. Nós queremos levar leveza e amor para os corações”, destacou.
Para ser uma integrante do bloco também é preciso muita disciplina. Os ensaios acontecem uma vez por semana durante duas horas. Além disso, as meninas desfilam uma vez por mês nas ruas do Centro Histórico atraindo os olhares de turistas e baianos. “A gente faz uma verdadeira festa e vai arrastando gente por onde passamos. Os ensaios são intensificados em outubro para que saia tudo certo no Carnaval e ver as pessoas encantadas com a nossa passagem é maravilhoso”, disse dona Isolina.
De acordo com a produção do bloco, além das percussionistas, cerca de 400 associadas se uniram ao grupo durante o percurso no Circuito Batatinha, na noite de domingo. Já amanhã e na terça-feira a expectativa é que esse número atinge mais de 800 mulheres.
A vice-presidente da entidade, Gessy Gesse, parabenizou a decisão do prefeito ACM Neto em impulsionar o Carnaval para o público pipoca. “Havíamos perdido as origens do nosso Carnaval. O incentivo aos blocos sem cordas é um resgate da nossa história. Ainda quero estar viva para ver o Carnaval voltar a ser como era antes. Quando as pessoas se divertem na pipoca elas chegam com o coração mais aberto e isso se reflete até na queda nos índices de violência”, apostou.