O projeto Ubuntu, idealizado por estudantes do Instituto Federal da Bahia (Ifba), campus de Seabra, na Chapada Diamantina, com orientação da professora de biologia Therezinha Gauri, tem contribuído com a formação da cidadania através da discussão de questões de gênero e étnico-raciais, a fim de promover um diálogo necessário para a construção do cidadão histórico-crítico.
Ubuntu é uma palavra de origem africana que, dentre seus múltiplos significados, consiste em humanidade, agregando, em sua tradução literal, vários sentidos, como solidariedade, respeito, amor e generosidade. Segundo a proposta, a noção de respeito e humanidade trazida pelo nome ubuntu representa plenamente a ideia de empoderamento da temática abordada, consistindo em importante ferramenta de combate ao preconceito e à opressão existente nos espaços atuais, inclusive no acadêmico, onde já formam constatados casos de racismo, homofobia, machismo e intolerância de gênero.
De acordo com os jovens proponentes, o Ubuntu se faz necessário como agente de sensibilização da comunidade interna em relação às questões colocadas acima e, principalmente, de transformação dessa realidade, aliando-se à missão do IFBA, através do ensino, da pesquisa e extensão. “Precisamos ultrapassar o debate raso, descontínuo e pontual, por meio de discussões contínuas e profundas acerca de práticas e costumes enraizados no nosso cotidiano”, enfatiza o projeto.
Em consonância com a Lei nº 11.645/2003, que tornou obrigatório o ensino da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, o Ubuntu também se destina ao debate a respeito dessas culturas, ao elucidar o processo histórico de exclusão e segregação ao quais esses públicos foram submetidos, na tentativa de reparar uma dívida histórica do poder público, já que, segundo a Constituição Federal, art. 3º, inciso IV, “é dever do Estado promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Segundo Jefte Batista, 3º ano do curso técnico integrado informática, um dos idealizadores do projeto, ao lado dos colegas Gustavo Brandão e Maria Beatriz Lima, o Ubuntu vem mudando a dinâmica escolar: “Tínhamos a ideia de passar filmes sobre diversos problemas sociais. Soubemos do edital da assistência estudantil e escrevemos a proposta. Em seguida, convidamos a professora Therezinha para compor a equipe. Ao longo das atividades, percebemos que alguns professores passaram a inserir temas como racismo, homofobia e sexualidade nos trabalhos das disciplinas”, comenta.
Atualmente, cerca de dez jovens compõem a equipe do Ubuntu. As próximas atividades serão bate-papo e cine-debate sobre transexualidade, representação nas mídias, autoaceitação e aceitação na família, em datas a definir. Com informações da Gecom do Ifba de Seabra.