Manifestantes a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff começaram a montar acampamento próximo à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, desde a noite de domingo, e prometem permanecer na capital até o desfecho do processo de afastamento da presidente, na Câmara dos Deputados. A previsão é que a apreciação do afastamento de Dilma pelos deputados no plenário da Câmara comece na sexta-feira (15) e se prolongue por três dias, até o próximo domingo (17). Os manifestantes que defendem o afastamento da presidenta montaram acampamento no Parque da Cidade, a dois quilômetros de distância do Teatro Nacional. O movimento Resistência Popular, que, segundo os coordenadores, congrega integrantes de diferentes grupos contrários ao governo, organiza o local, onde se reúnem pessoas de 20 estados.
Os movimentos que são contrários ao impedimento de Dilma montam suas barracas no estacionamento do Teatro Nacional, a poucos quilômetros do Congresso. Cerca de 20 ônibus, vindos de todas as regiões do Brasil, estão no local, entre representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre outros. Foram estendidas faixas com dizeres como “Não vai ter golpe, vai ter luta”. Ambos os lados disseram esperar a concentração de centenas de milhares de pessoas até o domingo (17). A Polícia Militar monitora os acampamentos e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) montou um esquema de segurança especial para esta semana, dividindo a Esplanada dos Ministérios ao meio com um alambrado, que foi montado, no último domingo, por detentos do regime semiaberto do Centro de Detenção Provisória, em Brasília.
A ideia é impedir a visibilidade entre os grupos contrários e reduzir a chance de provocações e embates. Um corredor de 80 metros de largura no gramado central da Esplanada será ocupado pelas forças de segurança, separando os dois grupos: os contra o impeachment no lado norte, onde fica o Teatro Nacional; os que são a favor do afastamento de Dilma no lado sul, junto à Catedral de Brasília. O coordenador do movimento Resistência Popular, Allan dos Santos, disse que vai entrar com uma ação judicial contra a SSP-DF, alegando que o grupo protocolou um pedido de manifestação junto às autoridades primeiro, e por isso, teria o direito de ocupar todo o espaço em frente ao Congresso.
À reportagem, um dos manifestantes, Santos, professor de filosofia que disse ter pedido demissão para poder permanecer em Brasília, afirmou que o grupo ficará acampado na capital “até aquela louca cair”, em referência a Dilma. “Pode colocar que eu falei isso aí”, acrescentou. Os movimentos de luta pela reforma agrária, por sua vez, dizem que o 17 de abril já é um dia em que tradicionalmente se reúnem em Brasília, por marcar o Dia Internacional de Lutas Camponesas, comemorado na mesma data em que ocorreu o massacre de Eldorado dos Carajá (PA), em que 19 camponeses foram mortos pela polícia, há 20 anos.
“Vamos ficar aqui até o fim dessa tentativa de golpe”, afirmou Antônio Pereira, da coordenação nacional do MST. “Esse foi um governo que paralisou a reforma agrária, mas não é isso que está em jogo aqui, é a defesa da democracia.” Ontem (10), a SSP-DF afirmou que não seriam permitidos acampamentos nas proximidades da Esplanada dos Ministérios, onde fica o Teatro Nacional. Procurada pela Agência Brasil, a secretaria ainda não respondeu se os manifestantes serão obrigados a se retirar do local. Da Agência Brasil.