Acontece nesta terça (23), no Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), no Centro Histórico de Salvador, reunião para alinhar possibilidade de abertura do Processo de Tombamento do Acervo Documental da Revolta dos Búzios, que ocorreu na capital baiana entre 1798 e 1799. O evento reúne representantes do IPAC, Grupo Cultural Olodum, Fundação Pedro Calmon (FPC) e Assembleia Legislativa da Bahia que pretendem transformar o feito histórico em Patrimônio Cultural. Os proponentes sugerem ainda que o historiador baiano Luiz Henrique Dias Tavares, estudioso do tema, seja homenageado.
Caso ocorra a abertura, o IPAC iniciará pesquisas com trabalho de campo, documentos, imagens, recortes de jornais, entrevistas, videodocumentário e outros itens que auxiliem a comprovação que o bem cultural merece proteção oficial do Estado. O acervo documental da Revolta dos Búzios é do Arquivo Público da Bahia da FPC, localizado na Ladeira Quintas dos Lázaros, nº 50, em Salvador. IPAC e FPC são vinculados à Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA).
Segundo especialistas do tema, apesar de ter acontecido em Salvador, a revolta tem abrangência histórico-simbólica nacional e até internacional. “O seu reconhecimento como patrimônio cultural é importante para a valorizar a cultura baiana e brasileira, além de dar suporte às políticas públicas de combate à discriminação racial no país”, afirma o diretor geral do IPAC, João Carlos de Oliveira. O IPAC já fez tombamentos similares quando da notificação do prédio e de todo o acervo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB).
Emancipação
A Revolta dos Búzios, conhecida também como Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, foi um movimento com caráter emancipatório cuja descoberta e punição aconteceu na Bahia entre agosto de 1798 e novembro de 1799. A revolta foi considerada uma iniciativa radical, já que tinha proposta de igualdade e democracia para toda a sociedade da época.
A política colonial elevava os preços de alimentos, causando insatisfação na população que contaminou cidadãos e até militares. Eles pediam a abolição da escravatura; a proclamação da república; a diminuição de impostos; a abertura dos portos; o fim do preconceito; e aumento salarial. A bandeira da conjuração (azul, branca e vermelha) são até hoje as cores da Bahia. A repressão foi violenta. Em 8 de Novembro de 1799, foram executados quatro participantes: o soldado Lucas Dantas do Amorim Torres; o aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira; o soldado Luís Gonzaga das Virgens; e o mestre alfaiate João de Deus Nascimento.
O quinto condenado à pena capital, o ourives Luís Pires, fugiu e nunca mais foi localizado. Outros foram presos, castigados com chibatadas em praça pública e degredados. Mais informações na Biblioteca Virtual Consuelo Pondé da Fundação Pedro Calmon, no ‘Dossiê de Revoltas’: http://goo.gl/zRmtwU. Conheça os patrimônios culturais protegidos na Bahia: www.patrimonio.ipac.ba.gov.br. Acesse o site, facebook ‘Ipacba Patrimônio’, twitter ‘@ipac_ba’ e instagram ‘@ipac.patrimonio’.