Para o presidente municipal do DEM, Heraldo Rocha, a melhor resposta que a população brasileira e baiana deu à atual conjuntura política foi nas últimas eleições, marcadas pela perda de espaços historicamente ocupados pelo PT. “No país, o PT só elegeu um prefeito de capital, e na Bahia nem candidato eles tinham. Tivemos na Bahia 1,7 milhão de votos, o Democratas, e o PT é o terceiro colocado. O número de prefeituras do PT foi reduzido”, disse, acrescentando que a percepção do eleitorado em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff contribuiu para o novo desenho político adquirido após o pleito. “A melhor demonstração de que o processo de impeachment foi constitucional é que foi conduzido pelo STF. O STF cometeu golpe? Esse discurso já passou, e as pessoas responderam a esse discurso com o voto”.
A fala do democrata é uma resposta ao ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), entrevistado ontem pela Tribuna. Embora se mostre capaz de constatar uma série de erros na atuação do próprio partido, o petista acredita que Lula e Dilma sofrem perseguição da elite e da classe média, e que a economia brasileira continua estagnada após o afastamento definitivo da presidente. “O Brasil, na minha opinião, ainda não colheu nada. Por enquanto estamos vivendo de notícias, expectativa, se você pegar a balança comercial teve uma queda de R$ 5 bilhões. Claro, se apreciou o real, uma beleza para quem importa, para quem viaja para Miami, mas péssimo para quem exporta”, avaliou.
Wagner disse ainda que, até o momento, o presidente Michel Temer (PMDB) não conseguiu atingir índices satisfatórios de aprovação e popularidade, o que teria explicado a distância que o prefeito ACM Neto (DEM) manteve do peemedebista durante a campanha. “É só fazer uma pesquisa, e por isso o prefeito (ACM Neto) morria de medo de ser associado ao golpe. […] Ele trouxe o Michel para cá? Aqui ele não tinha dois candidatos da base dele, só tinha um. Essa questão é mundial, as pessoas sabem que foi uma artificialidade”, destacou.
Heraldo Rocha, por outro lado, defende que ambos os assuntos estão inseridos em contextos distintos, e comparou o desempenho do correligionário ao da principal adversária, Alice Portugal (PCdoB). “As eleições foram municipais, e quem nacionalizou o debate perdeu a eleição. Acabou o tempo do time de Dilma e do time de Lula. A presidente Dilma esteve aqui, mas não tinha propostas ou projetos. O prefeito ACM Neto teve 78% dos votos nas zonas eleitorais mais pobres. Por que aconteceu isso? Modus operandi, gestão pública de qualidade, coisa que eles [PT] não sabem fazer”, frisou.
“Wagner precisa mudar o discurso”
Outro assunto abordado pelo ex-governador Jaques Wagner foi a relação do governador Rui Costa (PT) com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Na visão do petista, o democrata teve a primeira gestão beneficiada pelas obras do governo estadual e pelos problemas causados pelo seu antecessor, João Henrique. “Fizemos a Via Expressa que é a maior obra viária dos últimos 30 anos e desafogou a Bonocô, desafogou tudo. Fizemos o viaduto da Paralela. […] Se a cidade anda melhor, o prefeito, que é o responsável pela cidade, também se beneficia”.
Por sua vez, o presidente municipal do DEM, Heraldo Rocha, rebateu dizendo que o ex-governador “precisa mudar o discurso”. “São obras federais. E o caso do metrô já foi explicado centenas, milhares de vezes. Neto teve raça de passar ao metrô recursos na ordem de R$ 2 bilhões. E o governo fez porque era a obrigação. E quero fazer um apelo ao governador: cuide das estradas e da saúde, que estão um caos, e melhore a gestão pública. Tem que cortar despesa, mas precisa melhorar a qualidade da gestão”, prosseguiu. “O melhor que ACM Neto fez foi o investimento em políticas sociais e o controle do custeio, passou a régua e corrigiu a situação financeira da prefeitura. Quando Dilma assumiu, não fez isso”. Matéria extraída na íntegra da Tribuna da Bahia.