O debate racial foi o destaque da programação do Encontro Estadual da Esquerda Popular Socialista (EPS) na manhã do último domingo (15), na Faculdade de Arquitetura da UFBA, em Salvador. O evento reúne representações de 100 municípios baianos, agregando intelectuais, parlamentares, militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), além de representações dos movimentos negro, de juventude, mulheres, LBGTs, dentre outros, com foco nas análises dos principais temas que dizem respeito aos rumos do país. O professor Hélio Santos, militante histórico da intelectualidade negra aprofundou o tema dos desafios e perspectivas da luta pela igualdade racial no Brasil.
“Penso que é importante, nos cenários da crise, trazer o tema do racismo. A reação conservadora tem um componente étnico, de xenofobia e racismo, que estruturam as desigualdades”, pontuou, acrescentando que “o movimento negro brasileiro, o mais antigo do país, segue com sua pauta central, que é o estabelecimento de políticas que promovam a igualdade racial”. Ele classificou, ainda, como principais retrocessos atuais do país a extinção dos ministérios da Igualdade Racial, de Mulheres e dos Direitos Humanos. Também citou o extermínio da juventude, o encarceramento e a violência contra as mulheres negras como grandes desafios da sociedade brasileira.
A titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi), Fabya Reis, fez um panorama das ações tocadas pela pasta, afirmando que as políticas visam fazer um enfrentamento ao cenário secular de racismo institucional. “Este quadro reforça o racimo estrutural na sociedade, que se baseia na colocação dos negros em situações inferiorizadas por conta da sua condição racial”, ressaltou. Ela prospectou, ainda, os desafios na disputa política de 2017, sobretudo no Congresso Nacional que mantém, segundo ela, matérias voltadas à retirada de direitos. “Temos a tarefa, do ponto de vista institucional e do movimento social, de enfrentar e ampliar os campos de debate contra os retrocessos que atingem o povo negro e as populações tradicionais. No campo político vamos fazer este enfrentamento”, conclamou.
Alternativas
A advogada, especialista em gênero, raça e política criminal, Deise Benedito, afirmou que a retomada da luta é uma das alternativas para o enfrentamento aos retrocessos. “O caminho é abrir espaço, potencializar os talentos da juventude negra, ampliar os campos de atuação, ampliar as conquistas. Isso se dará através da mobilização nas ruas. Não queremos ser melhores, mas respeitados nas diferenças”, pontuou.