“Tudo certo para o carnaval de Salvador. É o que todos pensam quando conferem a programação de 12 dias de folia. Mas não é bem assim. Há muito por detrás da organização da festa popular, considerada a maior do planeta, como, por exemplo, a atuação dos profissionais de limpeza urbana”. A fala é do vereador da capital, Luiz Carlos Suíca (PT), que se pronunciou durante reunião com o presidente da Limpurb, Kaio Moraes e a coordenadora geral do Sindilimp-BA, Ana Angélica Rabelo. O edil pede atenção para os trabalhadores que deixam a cidade limpa para turistas e moradores. “Os garis, profissionais de limpeza urbana, são responsáveis diretos pelo bem-estar de quem frequenta os circuitos e, muitas vezes, não são reconhecidos financeiramente”.
Sobre os pagamentos da operação do carnaval, o vereador petista diz que “não dá para ter a maior festa popular e as pessoas pularem de alegria e, logo no dia seguinte, não ter uma cidade limpa. Os trabalhadores se esforçam para além de limpar os bairros, têm que ir para o centro da cidade fazer essa operação e a gente tem que entender que as empresas todos os anos dizem que não têm lucro, que faz de graça e não é verdade, há uma verba destinada para esta operação especificamente fora do contrato. E chegar numa hora dessa e não querem reajustar a gratificação, deixa a mesma gratificação de 2 anos atrás, os trabalhadores não têm a opção de dizerem que não querem ir trabalhar lá, porque há ameaças de perder o emprego, há assédio moral”, denuncia Suíca.
O edil tem buscado uma discussão maior sobre o assunto, já dialogou com o presidente da Limpurb, Kaio Moraes, e tem uma reunião para a próxima terça-feira (24), para definir a questão das gratificações o mais rápido possível. “Nas empresas menores, elas ouvem os trabalhadores e perguntam o que querem comer; nas empresas maiores, as que detêm um percentual maior da limpeza urbana, os trabalhadores não têm essa opção, nem de escolher o lanche que vai ter. Não dá mais para ser assim, a gente está buscando aqui a valorização dos trabalhadores, que além do carnaval faz limpeza de diversas festas populares”.
A coordenadora geral do Sindilimp, Ana Angélica, destaca “que o sindicato e o vereador seguem procurando uma solução de não deixar os trabalhadores nesta situação, ou que se elas [as empresas] quiserem que contratem outros trabalhadores para fazerem a limpeza”. Ana salienta que, “não dá para fazer esse esforço por tão pouco, o trabalhador vai dar doze dias da sua força de trabalho, uma força que ele daria em 30 dias, é um esforço muito grande. O trabalhador chega na garagem 1h da manhã e sai 3h da manhã sem descansar, sem dormir direito e quando são 6h da manhã que não tem mais bloco na rua, a rua está toda limpa. É um esforço de 30 dias, então a pessoa tem que ganhar o equivalente ao seu esforço, uma remuneração de 30 dias”.