A Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) tem alertado os cidadãos para os casos em que insetos ou outros objetos estranhos sejam encontrados em alimentos ou bebidas. Caso isso ocorra a Decon afirma ser importante guardar o produto e se dirigir a delegacia que fica na Rua Carlos Gomes, 746, Dois de Julho, em Salvador. Após registrar o fato, o material é encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde passará por perícia na Coordenação de Bromatologia Forense.
É justamente identificar falsificações ou alterações, inclusive a presença de veneno em alimentos e bebidas, o principal papel desta coordenação, produzindo laudos importantes que colaboram não apenas com investigações em prol da defesa do consumidor, como também com inquéritos, instaurados pela Polícia Civil (PC) para desvendar homicídios, tentativas de homicídio, falsificações de produtos, dentre outros delitos.
“A bromatologia é o estudo dos alimentos e bebidas, sua natureza e composição, e forense porque aplicamos esse conhecimento, relacionando-o a algum crime ou suspeita de crime”, explica Maiana Teixeira, perita criminal, integrante do Laboratório Central de Polícia Técnica. “Em nossas análises, já identificamos presença de parafusos, insetos e até um dente humano em alimentos”, recorda Teixeira.
Em 2014, por exemplo, a coordenação foi acionada pela PC para examinar um vinho produzido clandestinamente no bairro de Valéria, em Salvador, e também na região do Centro Industrial de Aratu (CIA), em Simões Filho, na então ‘Operação Baco’. “No local de fabricação, em Valéria, foi constatado o armazenamento inadequado e a presença de insetos. Além disso, a bebida era uma mistura de suco de uva, etanol e outras substâncias”, diz a perita.
A coordenação também é responsável por ajudar na identificação de causas de morte nas suspeitas de envenenamento. Nestes casos, a substância mais encontrada é o chumbinho. “A incidência do uso deste inseticida, já utilizado como raticida inadequadamente, é muito grande”, afirma a perita, lembrando ainda que a existência de corpos estranhos em alimentos e bebidas e de insetos em alguns alimentos também são perícias comumente realizadas.
Para a delegada Idalina Otero, titular da Decon, o trabalho do DPT é fundamental para a comprovação da materialidade do crime. “Aqui, na Decon, fazemos muitas operações onde apreendemos alimentos impróprios para consumo humano, fora da validade, por exemplo, mas só os laudos periciais vão comprovar isso”, explicou a delegada. É preciso que o consumidor acione a delegacia ao perceber algo de estranho no produto para que se inicie um inquérito policial. Jornal da Chapada com informações da SSP-BA.