Os produtores rurais e industriais do município de Valente, na região sisaleira baiana respiraram mais aliviados após as últimas chuvas, que amenizaram a pior seca já registrada desde a década de 1960. O gerente industrial da Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb), Juciano Oliveira, disse que a chuva que tem caído em algumas cidades da região garantiu a empregabilidade e a continuidade das atividades na fábrica que tem o sisal como matéria-prima na produção de produtos que atendem aos mercados nacional e internacional.
Há cerca de um mês, a previsão na indústria da Apaeb era de paralisação das atividades, caso a chuva não chegasse num período de 30 dias. “Tivemos chuva em alguns lugares. Agora, a gente está esperando um tempo para voltar a colheita. Daqui a uns 15 dias, a gente vai começar a receber [o sisal dos produtores]”, afirma Juciano. A previsão otimista tem a ver com facilidade inerente ao sisal de se recuperar diante de um cenário de chuva. A planta, que movimenta a economia local, é matéria-prima para produção de tapetes, carpetes, capachos, fios, cordas, fibras e diversos outros itens domésticos.
A Apaeb, que estava quase sem planta, vive agora a expectativa de em até nove meses reabastecer completamente os estoques. O ideal, segundo Juciano Oliveira, é que haja 100 mil quilos de sisal por semana para garantir a produção e a empregabilidade. A crise que atingiu a empresa diante da seca severa provocou a demissão de 30 colaboradores e a concessão de férias coletivas para uma parcela da equipe. O produtor rural Edílson Lima Gordino, de 54 anos, que tem roças do município de Valente, também está mais aliviado com o registro recente de chuva.
“Amenizou um pouco a situação. Deu uma chuvazinha, que não faz água [concentração de água em reservas], mas o pessoal já está conseguindo trabalhar um pouquinho”, garante. A expectativa do produtor é que, depois da chuva, a plantação de sisal reaja em um período de 15 a 20 dias. Mesmo com a chuva, o município de Valente ainda permanece na lista de 223 cidades baianas que decretaram situação de emergência por conta da seca.
Ao todo, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), mais de quatro milhões de pessoas têm sido afetadas pelo longo período de estiagem. “Aqui é luta dia após dia. A luta continua”, garante o produtor Edílson Gordino na expectativa de melhora do cenário. Jornal da Chapada com informações do G1BA.