O secretário do Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jaques Wagner (PT), criticou a Procuradoria-Geral da República após a delação premiada do empresário Joesley Batista, sócio da JBS. Para o político, mesmo sendo abertamente um forte opositor ao governo de Michel Temer (PMDB), um presidente da República não pode ser grampeado. “Eu acho que esse estado policial, grampear mesmo o ilegítimo presidente da República, é algo muito perigoso. Então, eu sou muito mais cauteloso. Temos que pedir Fora Temer, porque ele sentou na cadeira sem o voto, pelo golpe parlamentar”, afirmou aos jornalistas na etapa estadual do 6º Congresso Nacional do PT, esse final de semana.
O petista criticou a cobertura do caso, vazado em primeira mão pelo jornal “O Globo”, por parte da mídia. “É um noticiário vazado por uma única empresa de comunicação. Se era algo tão importante, acho que a PGR deveria ter feito uma coletiva e falado”, disse Wagner, que aproveitou para tecer críticas contra Batista. “Eu primeiro acho que, alguém que coloca um gravador no corpo e vai gravar alguém com quem tinha relação, eu nem sei qual é a palavra para desqualificá-lo”, alfinetou.
O secretário acredita que a investigação “está totalmente fora de qualquer padrão institucional do Estado Democrático de Direito”. “Virou tortura para conseguir delação, mesmo quando a delação atinge quem eu acho merece ser punido, eu prefiro não fazer coro. Se não, vai virar a Arena dos Impérios Romanos: a PGR vaza pela televisão, a televisão incita o povo e vira um espetáculo. Como eu defendo a democracia e o PT também se baseia na defesa da democracia, tudo o que está fora do padrão de normalidade, para mim não tem o meu aplauso”.
Wagner acredita que o presidente está “pagando o preço” por ter patrocinado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “O Temer se arriscou em compactuar e armar o golpe e pode estar pagando o preço. A quem interessa o golpe, usou ele [Temer] como laranja, chupou o suco e agora joga o bagaço fora”. O secretário aproveitou para fazer uma defesa do PT que, segundo ele, só perde quando transforma o embate político em algo semelhante a torcidas de futebol:
“O PT só é grande por não ter dono. Temos o grande líder, que é o ex-presidente Lula, mas aqui não tem dono. Aqui a gente debate ideias”. Ele ainda afirmou que os inimigos do partido estão tentando inviabilizar a candidatura de Lula. No último sábado, Wagner foi às redes sociais para pedir que o povo se manifeste e cobre eleições diretas. “A saída de Temer deve acontecer por vontade do povo, não de uma emissora de televisão. #DiretasJá”, escreveu ele no Facebook.
Lula pede que peemedebista “saia logo” do cargo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o presidente Michel Temer (PMDB) tem que deixar o cargo “logo” e considerou que seu substituto deve ser definido por meio de eleições diretas. “Nós queremos que o Temer saia logo, mas não queremos um presidente eleito indiretamente”, disse Lula durante a posse dos novos integrantes do diretório municipal do PT em São Bernardo do Campo, seu berço político, na Grande São Paulo.
“O que queremos é uma eleição direta!”, proclamou Lula, primeiro colocado para a sucessão presidencial em 2018 em todos os cenários pesquisados pelo Datafolha em abril, apesar de ser réu em cinco investigações, três delas na Operação Lava Jato. Ontem, pela primeira vez, o ex-presidente Lula indicou que talvez não se candidate novamente, porque isto “vai depender de muita coisa”. O ex-sindicalista, 71 anos, disse que disputará a eleição apenas se “a Justiça e sua saúde” permitirem. Texto extraído na íntegra da Tribuna da Bahia.