O empreendimento de luxo La Vue, na ladeira da Barra, em Salvador, que foi alvo de polêmica após denúncias do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que Geddel Vieira Lima, quando estava ministro-chefe da Secretaria de Governo Temer, o teria pressionado para retirar o embargo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) à sua construção, continua com obras paradas após sete meses.
Por meio de nota, o Iphan informou que aguarda a apresentação de uma nova proposta de edificação que respeite visibilidade e ambiência dos bens históricos do entorno. O Iphan não solicitou a demolição da estrutura atual, pois ela não compromete os valores protegidos. A assessoria do empreendimento La Vue também se posicionou por meio de nota, mas informou apenas que a empresa está cumprindo as determinações judiciais.
No embargo, o Iphan entendeu que os responsáveis pelo empreendimento descumpriram a autorização do órgão ao tentar construir um prédio com 97,88 metros de altura e um total de 31 pavimentos, sendo que a construção liberada foi de, no máximo, 13 andares. Com vista privilegiada para a Baía de Todos-os-Santos, o La Vue começou a ser construído em outubro de 2015, e desde então, já estava na mira do Instituto dos Arquitetos da Bahia, que tentava impedir a construção.
O Iphan justificou a decisão do embargo apontando o impacto do La Vue nos bens tombados da vizinhança do imóvel: o forte e farol de Santo Antônio, o forte de Santa Maria, o conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Outeiro de Santo Antônio (que inclui o forte de São Diogo), além da própria Igreja de Santo Antônio, na Ladeira da Barra. O órgão informou que diante da decisão, cabe ao empreendedor, se desejar, apresentar nova proposta de edificação que respeite visibilidade e ambiência dos bens protegidos.
Geddel afirmou, à época, que havia comprado um imóvel no edifício, e familiares dele integraram a defesa da continuidade da construção do empreendimento após a suspensão. O impedimento da construção do La Vue foi apontado por Marcelo Calero como o principal motivo para sua saída da Esplanada dos Ministérios em novembro de 2016.
Geddel foi preso na última segunda-feira (3) em Salvador e, desde quarta (5), está no presídio da Papuda, em Brasília. Geddel foi preso por suspeita de atrapalhar investigações da Operação Cui Buono, que apura supostas fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal, instituição qual ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff. De acordo com as investigações, manteve a influência sobre a instituição desde que Temer assumiu a Presidência em maio de 2016. Jornal da Chapada com informações do G1.