A reabertura do Hospital Regional de Itaberaba (HRI) tem sido a bandeira de muitas entidades sociais no município de Itaberaba, localizado na Chapada Diamantina, inclusive da prefeitura local, com a gestão ‘Cidade de Todos’, do prefeito Ricardo Mascarenhas (PSB). Na última quarta-feira (2), aconteceu a terceira reunião do Conselho Municipal de Saúde com objetivo de chegar a um acordo e reabrir o HRI. O hospital é a única estrutura capaz de atender a demanda de saúde de Itaberaba e região da Chapada. No entanto, a instituição mantida pela provedoria da Santa Casa de Misericórdia está com um débito estimado em mais de R$ 11 milhões, incluindo dívidas trabalhistas, fiscais e com fornecedores. Por falta de acordo com a irmandade, o HRI continua fechado.
Na reunião, a mesa que conduziu a discussão foi formada pelo presidente do Conselho Municipal de Saúde, Luiz Fernando Sales, pelo prefeito Ricardo, pelo secretário municipal de Saúde, João Rodrigues Góes Junior, pelo juiz titular da Vara Regional do Trabalho, Gilmar Carneiro de Oliveira, pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção de Itaberaba, Gabriel Mendes, além dos advogados Jorge Zuza e Ilson Azevedo, ambos representando a irmandade da Santa Casa. Ainda estiveram Cláudio Narcizo, representando o Lions Clube de Itaberaba, e Carlos Tanajura, representando a Câmara Municipal de Vereadores.
Mais uma vez, o debate sobre o assunto foi minimizado devido à ausência do principal interessado, o provedor da Mesa Diretora da instituição, Adailton Alves Silva, o popular Dai. A ausência dele foi justificada por meio de ofício encaminhado ao presidente do Conselho de Saúde e distribuído aos demais membros da mesa. Na comunicação, Dai justificou sua ausência alegando que tinha sido convidado por uma empresa interessada em administrar o HRI, inclusive com efetiva quitação dos seus débitos. Durante a reunião, mesmo sem o provedor da irmandade, vários presentes se manifestaram, cada um com uma saída para o impasse. O juiz trabalhista apontou várias opções, como por exemplo, o deságio da dívida, compra do terreno e desapropriação da estrutura.
Incisivo, o prefeito Ricardo Mascarenhas falou da falta de sensibilidade e interesse da mesa diretora da Santa Casa. Disse também que o assunto vem sendo tratado ao longo dos anos como bandeira política e que não vai aceitar que digam mais tarde que lhe faltou interesse em reabrir o HRI. “Temos a intenção de manter a estrutura transformando-a em uma Policlínica Regional, que poderia funcionar em consórcios com os 15 municípios que compõem a Região de Saúde de Itaberaba. O que não posso aceitar é que usem aquele patrimônio como um balcão de negócios particulares e não com a preocupação de servir a região”, dispara o gestor.
O prefeito de Itaberaba ainda afirmou que enquanto o impasse não se resolve, sua administração segue fazendo o que preconiza o Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, dispor de serviços de saúde com qualidade e responsabilidade. Para tanto, transferiu os atendimentos de urgência e emergência do Hospital Geral de Itaberaba (HGI) para a UPA 24 horas – desafogando a demanda da unidade, e vai abrigar o Hemoba, além de doar um terreno para a construção da Clínica dos Rins, já que a unidade estava ‘de malas prontas’ para deixar o município.
“A reunião foi extremamente positiva. Onde ficou clara a intenção do prefeito Ricardo Mascarenhas em buscar uma solução viável para ofertar essa unidade de Saúde ao atendimento público. Sabemos das suas limitações quanto à resolução das dívidas, afinal, não são de responsabilidade da prefeitura. Por outro lado, temos que entender a expectativa dos trabalhadores quanto ao recebimento de seus créditos”, ressalta o advogado da Santa Casa, Ilson Oliveira.
Oliveira ainda falou do desafio para encontrar o ponto de equilíbrio entre ter a unidade funcionando e saldar o enorme passivo existente. “Por isso, a sociedade está tão envolvida na questão e muito bem representada pela OAB, Lions, Maçonaria, CDL, Conselho de Saúde, imprensa, etc. Com certeza nós conseguiremos alinhar as intenções, é só uma questão de tempo. As ações estão acontecendo nesse sentido”, conclui o advogado.
Jornal da Chapada
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