A Comissão de Reparação da Câmara de Vereadores de Salvador visitou, nesta segunda-feira (21), o terreiro de candomblé Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, no Curuzu, para ouvir o líder espiritual doté Amilton Costa, sobre a invasão do templo por policiais militares, na última quinta (17), durante operação no bairro da Liberdade. Membros titulares da comissão, os vereadores Luiz Carlos Suíca (PT), Silvio Humberto (PSB) e Moisés Rocha (PT), esse último presidente da comissão, repudiaram o caso e pediram apuração e punição para os envolvidos.
“Toda a estrutura da Câmara está à disposição do terreiro. Estamos indignados com esse caso e vamos cobrar apuração para este flagrante de racismo institucional e intolerância religiosa”, afirma Moisés.
Suíca aponta que a corporação já pediu desculpas aos membros do terreiro, mas que a angústia e o medo continuam. “Não podemos considerar normal que o ‘olho do Estado’ trate cidadãos dessa maneira. O pai de santo disse que foi chamado de vagabundo com uma arma apontada para ele. Isso caracteriza, além de nítido afronto à cidadania, racismo institucional e intolerância religiosa”, salienta.
Para o edil Silvio Humberto, a questão não pode ser deixada sem respostas das autoridades. “Estamos aqui no terreiro Vodun Zo Kwe para externar a nossa solidariedade e indignação contra esta grave violação de direitos e cobrar do comando da PM apuração rigorosa dos fatos e dos culpados”, completa o socialista.
Conforme relatos do líder religioso Amilton Costa, cerca de cinco PMs invadiram o terreiro e colocaram arma no rosto de uma criança. “Tinham policiais civis já dentro da casa, conversando comigo, quando os policiais da Patamo [Companhia de Patrulhamento Tático Móvel] derrubaram a porta com armas em punho e gritando palavrões”, informa Costa na reunião com os vereadores de Salvador.