O déficit habitacional na Chapada Diamantina foi o ponto de partida para que o vereador de Salvador Luiz Carlos Suíca (PT) cumprisse uma agenda em três municípios da região com famílias sem-tetos, presidentes de associações rurais, quilombolas e lideranças de movimentos de luta por moradias. Boa Vista do Tupim, Iraquara e Utinga recepcionaram o edil petista na sexta (22), sábado (23) e domingo (24), respectivamente, com reuniões e visitas das ocupações realizadas pelos grupos de trabalhadores. “Os sem-tetos vão resistir e permanecer nos locais ocupados. Ouvimos as comunidades e conhecemos as ocupações das famílias, além de conversar de perto com todos que estão envolvidos no movimento, alguns inclusive sendo ameaçados a deixarem seus lotes. Em Boa Vista do Tupim, por exemplo, o prefeito quer retirar as pessoas de suas casas depois de construídas e colocá-las em outro local totalmente sem condições de morar”, informa Suíca.
Na cidade de Boa Vista do Tupim são duas ocupações que originaram os bairros de Nova Olinda 2 e Nova Esperança. Para o vereador do município e representante do Movimento de Luta por Moradia, Neto do MST, a questão está sendo tratada em projeto de lei da prefeitura. “Apresentaram um projeto com inúmeros erros, incluindo o valor, que está na casa dos milhões. É preciso saber o real valor a ser pago ao proprietário”, disse Neto ao lado da presidente do PT local, Iana Fraga. Seguindo a agenda, no sábado, Suíca se reuniu com trabalhadores da ocupação em Iraquara, que criou o bairro ‘Estadão’. O local é uma fazenda inativa da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e os ocupantes querem a regulamentação do bairro pelo Estado. “Os sem-tetos de Iraquara devem resistir e lutar para permanecer no local sem observar boatos, pois a terra é do povo que não tem sua casa”, salienta Suíca, junto com Luciano e Escobar, ambos dirigentes na Chapada.
Para o líder do Movimento do Sem Teto (MSTS) Mourival José de Souza, o bairro ‘Estadão de Iraquara’ tem mais de 1,8 mil lotes em sua maioria ocupados. “O local está abandonado por anos. Reivindicamos que a área seja doada ao povo que não tem onde morar. O Estado só existe por causa de nós, precisamos que o governo olhe por nós aqui”, reivindica. Para o advogado Gilmário, “a área é do povo e as residências vão suprir uma demanda reprimida de moradia na região”. Tanto Mourival quanto Gilmário também montaram a reunião em Utinga, no domingo, onde Suíca esteve com os líderes que monitoram a ocupação em dois locais. As famílias estão construindo suas casas nos novos bairros da Liberdade e Santa Rita. “São mais de 2 mil famílias juntando as duas ocupações. Vamos abrir as ruas para que possamos dar sequência e estruturar os locais”, completa Gilmário. Suíca ainda se reuniu com o presidente do PT de Utinga, Zé Mário, que assumiu no último Processo de Eleições Direta do partido.