Os líderes de movimentos sociais e de partidos da esquerda têm acreditado que as eleições de 2018 serão uma “luta de classes” entre os trabalhadores e a elite do Brasil. De acordo com o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, “a eleição no ano que vem vai ser a maior campanha eleitoral de luta de classes de toda a história do Brasil. Será uma guerra entre a classe trabalhadora e burguesia. Talvez somente a eleição de Getúlio Vargas na década de 50 tenha sido parecida”.
Stédile fez essa fala durante plenária da Frente Brasil Popular na 16ª Jornada de Agroecologia, na Lapa (PR), no último sábado (23). Neste contexto de acirramento da luta de classes, Stédile apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o símbolo da materialização da classe trabalhadora. “O Lula não é mais do PT, ele é o símbolo e a materialização da classe trabalhadora brasileira. Por isso a burguesia tem tanta raiva do Lula, porque ele sintetiza toda a classe”, disse o dirigente. Ele afirmou ainda que o Partido dos Trabalhadores não tem mais direito de decidir sobre a candidatura do ex-presidente. “A burguesia que coloque os candidatos que quiser, pois nós já temos o nosso”, disse.
A senadora do PT pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, seguiu a mesma avaliação. “Não tem plano a, b ou c, é Lula presidente. As pessoas têm memória, sabem o que aconteceu, sentiram isso nas suas vidas e por isso querem o Lula de volta”, referindo-se às pesquisas de intenção de votos para as eleições de 2018, em que o ex-presidente desponta como favorito. A senadora enfatizou a perspectiva popular da figura de Lula: “Foi a primeira vez que tivemos um operário na presidência”, ressalvando o fato de que outros presidentes brasileiros que também atuaram com programas mais progressistas, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, mas tinham origem social na classe média e alta.
Aliada a candidatura de Lula, o líder do MST alertou que é preciso pensar para além do processo eleitoral, para a construção de um novo projeto para o país construído junto às bases populares. “Não basta eleger o Lula, ele é o símbolo da nossa classe, mas o que a classe vai fazer lá? Temos que discutir um projeto que não é só eleitoral. Ele deve ser uma construção coletiva com a classe. Um plano construído nas bases para que essas participem da elaboração de um plano de governo que não será mais um plano de conciliação de classes, mas um programa que interesse ao povo brasileiro”, apontou Stédlie. Jornal da Chapada com informações de Brasil de Fato.