A barragem de Sobradinho, localizada no norte da Bahia, continuará liberando águas em sua vazão mínima até 30 de abril de 2018, mesmo em período chuvoso no sertão baiano, que vai de outubro a abril. Esse é um fato inédito da barragem. Conforme a empresa, a definição saiu no dia 6 de novembro na resolução 1943/2017, da Agência Nacional de Águas (ANA). Até agora, a chuva esperada para a região, que fica no Vale do São Francisco, não foi o suficiente. Por isso, a vazão mínima da barragem, que hoje é de 550m³/s, foi mantida na tentativa de recuperar o volume do reservatório. Essa é a menor vazão já utilizada pela barragem em seus 38 anos.
A expectativa é que o volume aumente até abril. “Domingo [19 de novembro] foi o primeiro dia que nós tivemos uma vazão de chegada superior à vazão, o que é uma notícia boa, por conta de que hoje o nível do reservatório de Sobradinho já subiu um pouco”, João Henrique Frankilin, diretor de operações da Chesf. O volume útil do lago hoje está em 2,24% da capacidade. No entanto, conforme a Chesf, esse não é o pior volume já registrado na barragem, que vem sendo afetada pela falta de chuvas há cinco anos. Segundo a companhia, em novembro de 2015, Sobradinho atingiu o pior volume da história, de 1,1%.
No povoado de Algodões, em Sobradinho, agricultores e criadores de animais que dependem da água da barragem para manter o trabalho contam que não há água suficiente pra irrigar as plantações e os animais estão morrendo. O agricultor Jorge Souza plantava até cinco hectares de cebola. Esse ano plantou só meio hectare, dez vezes menos que o habitual. “Eu só investi porque a gente sobrevive disso. Nós não temos para onde ir. Se a gente sair daqui a gente vai pedir esmola”, disse.
Seu Ermir dos Santos conta que diminuiu a plantação de melão de oito hectares pra apenas um. O agricultor afirma nunca ter visto um cenário tão ruim na região. Mesmo com todo o esforço para molhar a plantação, algumas frutas não desenvolveram bem. “Isso aqui está dependendo do solo, é só o que nós estamos tendo e mais a água que não está dando o suficiente, porque a gente só pode molhar uma hora”, relatou o agricultor. Jornal da Chapada com informação G1BA.