Por Alexandra Vieira de Almeida*
A presença da mulher na literatura está mais forte do que nunca. Temos, hoje, poetas vivas que estão fazendo uma excelente contribuição para nossa literatura nacional. Entre elas, podemos citar Conceição Evaristo, Adélia Prado, Astrid Cabral, Olga Savary e Raquel Naveira. Cinco nomes que estão trazendo riqueza cultural para nossa língua.
Conceição Evaristo, por exemplo, tem revelado a importância de se discutir a posição do negro na nossa sociedade. Com uma poesia social impactante, resgata a voz das minorias. Fez recentemente uma homenagem à vereadora e ativista pelos direitos humanos Marielle Franco, morta brutalmente por denunciar as injustiças sociais. A poeta a caracteriza como “luz-mulher”, por dar força ao grito contra o opressor.
Adélia Prado, por outro viés, nos apresenta uma poesia mística, revelando a transcendência das formas. Aplaudida e premiada tanto nacional como internacionalmente, poeta de Divinópolis, mostra-nos um lirismo encantador que enobrece as palavras com o dom dos versos grandiosos. Revelando também a voz feminina que não quer calar, o papel da mulher se enaltece com seus belos poemas. Inspirando o seu lirismo com as faíscas do cotidiano, sua poesia tem a potência da literatura mais profunda.
Já Astrid Cabral reflete temáticas universais e perenes, sem deixar de lado suas experiências ao redor do mundo, nos seus postais-poemas que revelam ser verdadeiras fotografias de nosso imaginário mais interior. Oriunda de uma verve de autores consagrados, tal escritora é reflexiva e complexa, sem se cravar nos malabarismos de um linguajar ininteligível. Sabe cativar o leitor com sua dose fina de intelecto criativo. Dona de uma linguagem plena, doma com perfeição a sua língua.
Olga Savary, que considero um mito literário, trata-se de uma figura excepcional. Através da argúcia de seus versos imagéticos, encanta o leitor com sua poesia genuína. Abordando temáticas de nossa nacionalidade, com “tupinismos” e uma língua clara e cristalina, sua poesia transpira enigmas a serem decifrados pelo inteligente leitor. Através da concisão de seus poemas, consegue concentrar nos espaços dos versos o máximo de densidade poética. Conhecida como a “Monalisa de Copacabana”, a artista engrandece a verdadeira literatura por revelar nossas raízes mais antigas.
Raquel Naveira, no emblemático livro ‘Sangue Português’, apresenta uma poesia magistral que revela nossas raízes lusitanas. No poema que abre e dá título à obra, Raquel nos chama a atenção pelo fulgor da resistência da memória que perpassa como angústia do presente que quer se libertar da nostalgia do passado, mas que não nega a genealogia do sangue português.
Cinco mentes brilhantes da literatura que abraçam uma variedade de temas e desafios. Mulheres, engajadas, cosmopolitas, genuínas e universais, que navegam pelos mares da complexidade poética.
*Poeta, escritora e doutora em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)