Os dados da produção industrial baiana em março indicam que os segmentos de produtos alimentícios, bebidas e veículos seguem alavancando resultados positivos para a economia do estado. Eles cresceram 16%, 8,9% e 10,8%, respectivamente, em março último comparado com igual período de 2017, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre março e abril deste ano, os municípios produtores de soja da região oeste baiana, por exemplo, colheram uma safra recorde, com uma média de 62 sacas por hectare, o equivalente a seis milhões de toneladas de grãos.
O melhor resultado apurado pelo segmento no estado até então, segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), ocorreu na safra de 2010 e 2011, quando foi registrada uma média de 56 sacas por hectare. Aproximadamente 60% da produção de grãos do estado são exportados para os países asiáticos, enquanto os 40% restantes são comercializados internamente.
Setor automotivo
Outro importante resultado no período foi apurado no setor de veículos, que apresentou crescimento de 10,8%. Na avaliação do diretor da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Gustavo Pessoti, o crescimento das vendas de veículos novos em todo o país impulsionou a fabricação das montadoras instaladas na Bahia, sinalizando a retomada do crescimento econômico.
O setor automotivo, de acordo com Pessoti, tem uma participação importante na receita das exportações baianas, tanto pelos investimentos que realiza quanto pelos empregos que gera. No caso das bebidas, a política de atração de investimentos promovida pelo Governo do Estado, ao longo dos últimos anos, foi determinante para o incremento do setor e o consequente desempenho positivo para a economia baiana.
No cômputo geral, no entanto, a Bahia registrou queda de 4,5% em março em relação ao mês anterior, reflexo, principalmente, da política federal de descontinuar as atividades na área de petróleo e gás em todo o estado. A situação afeta, diretamente, toda a cadeia produtiva do segmento.
Pessoti explica que a indústria química e petroquímica ainda representa 50% da atividade industrial baiana. Atualmente, acrescenta o diretor da SEI, as empresas precisam importar a principal matéria-prima do setor – a nafta –, que antes era fornecida pela Petrobras. “Quem vendia nafta para a Bahia era a Petrobras, mas não está sendo mais assim”, diz.
Neste segmento, os principais indicadores negativos foram os produtos químicos (-20,4%), influenciados pela menor fabricação de etileno, propeno, buta-1,3-dieno, princípios ativos para herbicidas e benzeno e coque; assim como os produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-13,3%), influenciados pela menor produção de óleos combustíveis, óleo diesel, gasolina automotiva e naftas para petroquímicas.
Momento delicado
“Estamos passando por um momento muito delicado. A indústria química e petroquímica está em um processo, que é mundial, de mudança da planta industrial”, afirma Pessoti. “Com a demanda desaquecida e a necessidade de importação da nafta, as empresas intermediárias do Pólo que utilizam a nafta atravessam dificuldades”.
O anúncio recente do governo federal de promover a desativação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen), localizada no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia e com outra unidade em Sergipe, indica a tendência de desaquecimento do setor no estado. A Fafen é responsável pela fabricação de dois dos principais fertilizantes empregados na produção agropecuária: a ureia e a amônia. A União, no entanto, recuou da decisão após pressão do Governo do Estado e de segmentos que seriam prejudicados com o fechamento da fábrica, como o agronegócio.
Mesmo com a retração apurada em março, foi registrado um incremento de 0,9% na produção industrial baiana no acumulado dos três primeiros meses do ano, comparado a igual período de 2017. O diretor da SEI lembra que o desempenho industrial da Bahia poderia ter impacto positivo no índice apurado caso o IBGE atualizasse a matriz dos estados.
“Hoje temos uma indústria eólica e acrílica, por exemplo, em franca expansão, que não entra nos cálculos do órgão por não estarem incluídos no levantamento, embora nós já tenhamos solicitado uma revisão desses indicadores”, ressalta Pessoti. As informações são do Governo da Bahia.