Novamente o campus do Instituto Federal da Bahia (Ifba), em Jacobina, na Chapada Norte, se destaca no âmbito da pesquisa! Desta vez, foram 30 artigos aprovados para o 63º Congresso Brasileiro de Cerâmica, o mais importante da área no Brasil e um dos maiores em nível internacional, que acontece de 4 a 7 de agosto, em Bonito (MS). O evento reunirá pesquisadores e empresários de diversos segmentos, incluindo os de matérias-primas, equipamentos e insumos. Durante os três dias de Congresso, haverá apresentações de trabalhos técnico-científicos, na forma oral e de pôster, bem como palestras com especialistas, feira de produtos e serviços.
“Aprovamos um total de 30 artigos completos desenvolvidos pelos alunos dos cursos técnicos integrados de eletromecânica e mineração, sob orientação de professores do campus, além de outros dois estudos em parceria com discentes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Também contamos com a colaboração de pesquisadores de outros campi do Ifba (Santo Amaro, Lauro de Freitas e Salvador), do IFPI e da UFRN. A maior parte dos envolvidos, dentre eles os docentes Beliato Campos (física), Jonei Marques (engª. de minas), Talita Gentil e Frederico Zogheib (geologia), Leandro Prado (engª. ambiental), Bruna Iohanna Oliveira (biologia) e Vitor Teixeira (engª. elétrica), faz parte do Grupo de Pesquisa Automação, Eficiência Energética e Produção do Campus Jacobina, criado em 2015 e avaliado acima da média pelo CNPq”, pontua o prof. Tércio Graciano, atual coordenador do curso de eletromecânica.
Em um dos artigos, os pesquisadores chamam atenção para a quantidade de rejeitos resultado da exploração de ouro no município de Jacobina: “cerca de 5 mil toneladas/dia”, ressaltando que a maioria das empresas do ramo não apresenta tecnologia ou aplicação economicamente viável que permita a reciclagem do resíduo mineral, o que degrada o meio ambiente. Nos estudos, estão em evidência a combinação dos rejeitos da exploração de cromita, calcário e mármore para a produção de cerâmica, ao lado de outros resíduos, como os advindos de lâmpadas fluorescentes. Juntamente com Jacobina, Irecê, Pindobaçu e Ourolândia são outras localidades de análise.
Em 2017, estudos similares foram apresentados em Castellón, na Espanha, durante o Qualicer 2018, evento mundial voltado para a qualidade de produtos como azulejo e cerâmica. Com foco na sustentabilidade, as pesquisas do IFBA apresentavam possibilidades de aplicação dos rejeitos da indústria mineradora e de pedras ornamentais na composição de pisos, revestimentos e telhas.
Arte e design
A fabricação de tintas naturais, também conhecidas como “tintas da terra”, através de pigmentos encontrados nas argilas da região, de mandalas, flores e vasos decorativos, além de máscaras teatrais, são outros destaques dos artigos. Agregação de valor, devido à estética, e aproveitamento de resíduos são os principais benefícios dos estudos, ao lado da função terapêutica.
No caso do projeto Envelhecendo com Arte: A Arte Ceramista para a 3ª Idade, ainda será organizada uma formação com os idosos do Lar Cruzada do Bem, em Jacobina, para apropriação da técnica colagem de barbotina [mistura de argila e água para moldar ou decorar cerâmica] na confecção de vasos, reconhecida pela sua simplicidade e baixo custo. A meta é de que, posteriormente, mudas de cactáceas sejam acrescidas às peças para comercialização, contribuindo com a renda do abrigo.
Para o estudante do 3º ano de eletromecânica, Édon Macêdo, ir para o laboratório e apresentar pesquisas em outros espaços é uma experiência única. “Eu nunca tinha trabalhado em equipe dessa maneira, cada um pensa diferente. Tivemos dificuldades por conta da falta de espaço adequado [já que os laboratórios estão em construção], mas conseguimos fazer nossa própria barbotina para confecção dos vasos cerâmicos. Na prática, trabalhar com cerâmica é ter contato com um mundo totalmente novo! É um conhecimento extracurricular que pode servir como hobby”, explica o jovem.
Na opinião da formanda Geovana Lira, a paciência foi o maior benefício do processo de pesquisa com as mandalas. “Misturar os componentes e chegar à forma, textura, espessura e cor que queremos exige muita paciência, dedicação, é um trabalho bastante manual, delicado, tipo uma massinha de modelar. Precisamos realizar diversos experimentos pra não ter rachaduras ou defeitos. Ainda lidamos com o acabamento, quando lixamos e esmaltamos as peças”, descreve.
Para a colega Wiza Oliveira, que desenvolveu máscaras da Commedia Dell’Arte em cerâmica com resíduos minerais da região de Jacobina, conciliar teoria, por meio do estudo bibliográfico, com o exercício criativo da modelagem foi o grande diferencial. As estudantes participaram recentemente do II Simpósio de Engenharia, Gestão e Inovação (Sengi), em São Paulo, onde compartilharam estudos no campo da robótica educacional. Confira a lista completa dos trabalhos aprovados pelo Campus Jacobina no evento em www.jacobina.ifba.edu.br . As informações são de assessoria.