O ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, negou ter cometido “anormalidades” em conversas com Deltan Dallagnol. No material divulgado pelo The Intercept, o ex-juiz federal orienta o procurador do MPF a mudar fases da Lava Jato, dá pistas de investigações em curso e chega a antecipar decisão judicial.
“Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável. Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”, disse o ministro em nota.
No conteúdo divulgado, Moro por diversas vezes busca Dallagnol para troca de informações, sugestões e até mesmo críticas ao MPF. Em uma das mensagens, enviada em 21 de fevereiro de 2016, Moro sugeriu a mudança da ordem das operações da Lava Jato por parte do ministério público: “Olá, diante dos últimos desdobramentos, talvez fosse o caso de inverter a ordem da duas planejadas”. Dallagnol disse que questões logísticas impediriam a mudanças e, no dia seguinte, aconteceu a 23ª fase da Lava Jato, a Operação Acarajé
Em 31 de agosto, Moro outra vez atuou como aliado dos acusadores e questionou o ritmo das prisões e apreensões: “não é muito tempo sem operação?”, perguntou. “É sim”, respondeu Dallagnol mais tarde. A operação seguinte ocorreu três semanas depois.
Em outro momento, Moro dá uma pista para a atuação do MPF: “Então, seguinte. Fonte me informou que a pessoa do contato estaria incomodado por ter sido a ela solicitada a lavratura de minutas de escrituras para transferências de propriedade de um dos filhos do ex Presidente. Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação. Estou então repassando. A fonte é seria”, escreveu Moro.
A Constituição de 1988 determina que não haja vínculos entre o juiz e o Ministério Público, parte acusadora do processo. Para que haja isenção, as partes não devem trocar informações nem atuar fora de audiências. As informações foram extraídas da Revista Fórum.
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Editorial
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Parte 3
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