Uma onça pintada, que ficou 22 dias presa em uma caverna, na região do município de Sento Sé, no Vale São-Franciscano da Bahia, foi resgatada e devolvida à natureza após um mês de recuperação já que foi encontrada muito debilitada. A onça-pintada é o maior felino das Américas e está seriamente ameaçada de extinção na caatinga. O animal resgatado, que tem idade estimada de 10 anos, estava sob os cuidados da equipe do Programa Amigos da Onça, que trabalha para a conservação das onças pardas e da caatinga.
Segundo a bióloga Claudia Campos, coordenadora do programa, Luísa, como o felino foi batizado, foi solta no Parque Nacional do Boqueirão da Onça, no município. Conforme a bióloga, a soltura aconteceu após uma viagem longa, e, ao sair da caixa em que foi levada, a onça parecia assustada, mas logo se animou ao perceber que estava novamente livre, deu um rugido, e adentrou a mata. “Ela dá um rugido para espantar qualquer coisa que poderia machucá-la. Assim ela se sentiu segura e foi embora”, explicou Claudia.
Luísa está na terceira idade dos felinos, já que a estimativa de vida deles é de 15 anos. Ao ser resgatada, no dia 3 de maio, a onça, que tem 58 centímetros de altura e um metro de comprimento de corpo, estava muito debilitada, desidratada, e desnutrida, com apenas 35 kg. Após o tratamento, a felina voltou ao habitat natural com 46 kg. Ela recebeu um colar de monitoramento e é acompanhada pelos integrantes do projeto, via satélite.
Resgate
A onça Luísa foi presa em uma caverna no Parque Boqueirão da Onça após capturar uma ovelha e levá-la para o local. Moradores da região seguiram o rastro de sangue da presa da felina e, acompanhados de cães, entraram na caverna, onde deram de cara com a onça. A onça acabou caindo em uma dolina, que é uma abertura que se forma no solo quando o teto de uma caverna desaba. Para evitar que ela saísse, os moradores colocaram pedras sobre a abertura, e a onça ficou presa na caverna.
A equipe do projeto Amigo da Onça foi avisada e se preparou para o resgate, que durou três dias e contou até com rapel. A ação teve ajuda de bombeiros, veterinários, ajudantes de campo, biólogos e espeleólogo (especialista em cavernas). O animal foi levado para o Centro de Manejo e fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale de São Francisco (Univasf), onde recebeu tratamento até ser solto.
Onças na caatinga
Preocupada com a preservação da caatinga, o projeto Amigos da Onça desenvolve um programa de pesquisa com onças pardas e pintadas em um território que chega até a zona rural de Sento Sé. O Boqueirão da onça tem uma área de mais de 850 mil hectares e inclui um parque nacional e uma área de proteção ambiental. Fica localizado entre os municípios de Sento Sé, Juazeiro, Sobradinho, Campo Formoso, Umburanas e Morro do Chapéu, na Chapada Norte. É lá que vivem cerca de 200 onças pardas e apenas 30 onças-pintadas. Há dez anos, eram 50. Jornal da Chapada com informações de G1BA.