O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel elogiou o trabalho “muito técnico” feito pela Polícia Militar no caso do sequestro do ônibus no início da manhã desta terça (20) na Ponte Rio-Niterói, que terminou com o sequestrador abatido por atiradores de elite. “O ideal é que todos saíssem com vida, mas nós tivemos que tomar uma decisão de salvar os reféns. O que nós assistimos foi um trabalho muito técnico da Polícia Militar. Todo tempo eu fiquei monitorando para fazer o meu trabalho como governador e a Polícia Militar, usando os atiradores de elite, escolheu a melhor oportunidade para salvar os reféns. A técnica é da Polícia Militar. Nós nos mobilizamos rapidamente e tentamos evitar o transtorno para a sociedade”, disse ele no local.
Witzel chegou de helicóptero à ponte Rio-Niterói às 9h45 e desceu da aeronave fazendo gestos de comemoração, vibrando os pulsos cerrados. Ele confirmou que o homem foi morto e identificado e que não é policial. A identidade dele não foi revelada e o corpo já foi removido para a perícia. Pouco antes das 6h de hoje, um homem armado sequestrou um ônibus e fez 37 reféns, obrigando o motorista a parar o veículo na altura do vão central da ponte, no sentido Rio. Ele foi morto por atiradores de elite por volta de 9h. Segundo o governador, a Secretaria de Vitimização prestará assistência aos reféns e à família do sequestrador.
“Conversei com familiares dele, um me pediu desculpa. Ele pediu desculpa a toda a sociedade, aos reféns. Disse que alguma coisa falhou na criação, a mãe está muito abalada. Nós vamos também cuidar da família dele, vamos entender esse problema para que não ocorram outras vezes”. Segundo Witzel, a Polícia Civil já está no local para iniciar o trabalho de perícia. Ele agradeceu às corporações envolvidas e disse que os atiradores que participaram da ação serão condecorados e promovidos por bravura e pelo “trabalho de excelência” realizado.
“Muitas vezes algumas pessoas não entendem o trabalho da polícia que às vezes tem que ser dessa forma. Se não tivesse abatido esse criminoso, muitas vidas não seriam poupadas. Isso está acontecendo nas comunidades, eles estão de fuzil aterrorizando as comunidades. Se a polícia puder fazer o trabalho dela de abater quem estiver de fuzil, tantas outras vítimas serão poupadas”. A PM informou que a arma usada por pelo sequestrador era um simulacro.
O ônibus sequestrado é da Empresa Galo Branco, linha 2520, que faz o trajeto Jardim Alcântara, em São Gonçalo, até o Estácio, no Centro do Rio. O sequestrador disse ter gasolina e ameaçou incendiar o coletivo. O tráfego foi interrompido nos dois sentidos e liberado no sentido Niterói pouco depois das 10h. Antes de ser atingido, o sequestrador havia liberado seis reféns. As primeiras negociações com o sequestrado foram feitas pela Polícia Rodoviária Federal e depois conduzidas pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar.
Polícia investiga se sequestrador teve ajuda
O jovem Willian Augusto da Silva estava em surto psicótico quando sequestrou o ônibus. O governador do estado, Wilson Witzel, que concedeu coletiva à imprensa no início da tarde, considerou um sucesso a operação que terminou com a morte de Willian. A Polícia Civil está investigando se Willian teve ajuda de alguém no planejamento ou execução do crime. Silva permaneceu por três horas e meia com 37 reféns parados na altura do vão central, na pista sentido Rio.
Os passageiros foram ouvidos durante essa tarde na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). O diretor da Divisão de Homicídios, delegado Antônio Ricardo, confirmou que todas as hipóteses, incluindo a possível participação de outras pessoas, estão sendo analisadas. “A investigação começou agora. É prematuro darmos uma posição neste sentido, mas não descartamos essa hipótese”, respondeu o delegado aos jornalistas, à saída da DHNSG.
Antônio Ricardo disse que Willian não tinha antecedentes criminais. Segundo o delegado, as pessoas ainda estavam bastante abaladas emocionalmente após ficarem por todo o período dentro do ônibus. “As vítimas estavam muito nervosas, mas conseguimos acalmá-las e orientá-las. Elas tiveram toda a assistência possível, inclusive psicológica. Sem dúvida foi um episódio muito traumático, mas fizemos de tudo para isso se minimizasse para essas vítimas”, contou o delegado. Apesar dos depoimentos terem sido prestados na DHNSG, as investigações posteriores passarão a ser feitas pela Delegacia de Homicídios da cidade do Rio de Janeiro. Da Agência Brasil.