O incêndio que deixou 11 mortos na última quinta-feira (12) no Hospital Badim, no bairro do Maracanã, Zona Norte do Rio de Janeiro, é a terceira tragédia causada pelo fogo em pouco mais de um ano na cidade. Os dois casos anteriores foram o incêndio que destruiu grande parte do acervo do Museu Nacional, em setembro de 2019 e o incêndio nos alojamentos do Centro de Treinamento Ninho do Urubu, do Flamengo, que deixou dez mortos em fevereiro de 2019.
Museu Nacional
A maior parte do acervo do Museu Nacional, que tinha cerca de 20 milhões de itens e era o maior museu de história natural da América Latina, foi destruída. O primeiro sinal de fumaça foi registrado às 19h13 de 2 de setembro. O fogo avançou pela madrugada, quando foi controlado.
Pequenos focos seguiram queimando partes das instalações do museu criado por D. João VI, em 1818, e que completou 200 anos de existência no ano passado. Era a instituição científica mais antiga do país e já serviu de residência da família real brasileira durante o Império. Fósseis, múmias, registros históricos e obras de arte viraram cinzas. Pedaços de documentos queimados foram parar em vários bairros da cidade.
A investigação aponta para um problema em um ar-condicionado, no auditório térreo do prédio. O aparelho não tinha um disjuntor individualizado, descumprindo a recomendação do fabricante. O sistema de combate a incêndio do local também era precário, segundo laudo da Polícia Federal. Um documento tornado público em abril não informava se o fogo foi provocado por negligência ou por ação criminosa.
O G1 questionou a Polícia Federal, que apura o caso, se a investigação avançou nesse ponto. A reportagem também entrou em contato com o Ministério Público Federal e com a Justiça Federal, mas não houve retorno.
As obras na fachada do palacete devem começar ainda este ano. Em entrevista ao G1 um ano depois do incêndio, o diretor do museu, Alexandre Kellner, disse que “é hora de virar a página”. A expectativa é de que o Museu Nacional reabra as portas para os visitantes em 2022, nas celebrações do bicentenário da Independência do Brasil.
Ninho do Urubu
Na madrugada de 8 de fevereiro deste ano, o incêndio nos alojamentos no Ninho do Urubu deixou dez mortos, todos atletas da base do clube e com idades entre 14 e 16 anos. O Centro de Treinamento Jorge Helal fica em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio.
Um laudo da Polícia Civil mostra que o incêndio começou com um curto-circuito. O problema ocorreu no ar-condicionado do alojamento improvisado dos jovens, que funcionava em seis contêineres interligados.
Por causa do material que revestia as paredes do local, o fogo se alastrou. A investigação da Polícia Civil apontou problemas estruturais e elétricos, além da ausência de alvará de funcionamento e de certificado de aprovação dos Bombeiros.
Dez pessoas chegaram a ser indiciadas, mas o Ministério Público determinou que alguns pontos do inquérito da Polícia Civil fossem esclarecidos. Em nota, a Polícia Civil informou que a 42ª DP (Recreio) está concluindo as diligências requisitadas pelo MP. O órgão informou que o inquérito foi devolvido e que “ainda está dentro do prazo” para ser concluído. Até agora, ninguém responde na Justiça pelas dez mortes, segundo o Tribunal de Justiça. Jornal da Chapada com informações do G1.