Após matéria publicada na Scientific Reports, apontando que os mosquitos transgênicos liberados pela Oxitec em Jacobina, na Chapada Norte, para diminuir a população do vetor, conseguiram se reproduzir, gerando populações híbridas, o CTNBio emitiu uma nota técnica sobre a situação. Em um outro artigo científico publicado no site DW há citações de que a experiência foi realizada de forma precipitada e levou a uma situação em grande parte incontrolável. Além disso, a introgressão, que é o movimento de um gene de uma espécie para o acervo genético de uma outra através de repetidos retrocruzamentos entre um híbrido e sua original geração progenitora, pode introduzir outros genes relevantes, como a resistência a inseticidas.
A cepa de liberação, OX513A, foi derivada de uma cepa de laboratório originária de Cuba e depois cruzada para uma população mexicana. As três populações que formam a população tri-híbrida atualmente em Jacobina (Cuba / México / Brasil) são geneticamente bastante distintas, provavelmente resultando em uma população mais robusta que a população de pré-liberação devido ao vigor híbrido. Devido a situação delicada e preocupante, a CTNBio emitiu uma nota sobre o assunto, também foi enviada uma nota pelo Ministério Público em Jacobina, através da Promotoria do Meio Ambiente, informando que acompanha a situação de perto e ações já estão sendo realizadas sobre o tema.
Nota do Ministério Público em Jacobina:
“Me reuni ontem com a Secretária de saúde de Jacobina e estamos analisando o que o MP estadual pode fazer. Vamos marcar uma reunião com o MPF para propor uma atuação conjunta. Mas como envolve órgãos federais a atribuição a priori seria do MPF”.
Nota da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) :
Sobre artigo publicado no periódico Scientific Reports intitulado Transgenic Aedes aegypti Mosquitoes Transfer Genes into a Natural Population, Evans et al. Scientific Reports, Vol 9, Article number: 13047 (2019).
A CTNBio informa que o artigo está sendo avaliado pela Presidência e Vice-Presidência da CTNBio, que consultaram também outros pesquisadores independentes. De acordo com uma avaliação inicial, o artigo demonstrou a ocorrência de um mosquito híbrido, mas não foi comprovado que esse inseto é mais resistente a estratégias de controle e/ou capaz de causar qualquer tipo de dano às pessoas e meio ambiente.
Os dados não apontam inicialmente para a persistência do gene auto limitante da linhagem OX513A que produziu o mosquito híbrido no meio ambiente. A empresa tem monitorado as liberações no meio ambiente e está na Pauta da CTNBio inclusive Relatório Final do Monitoramento Pós-Liberação Comercial do Mosquito, Processo CTNBio n. 01200.002919/2013-77 que será examinado em caráter de urgência na próxima Reunião Ordinária da Comissão nos dias 2 e 3 de outubro.
Contudo, a ocorrência do mosquito híbrido no meio ambiente ainda não foi discutida pela CTNBio, por se tratar de um fato científico novo para a Comissão. Portanto, a instância avaliará em sua Reunião Ordinária a necessidade de medidas de monitoramento e acompanhamento adicionais durante a realização das pesquisas, bem como quaisquer outras providências cabíveis.
Cabe reiterar, por fim, que a CTNBio é o órgão competente para a avaliação dos potenciais impactos da tecnologia e que, em caso da verificação de possíveis riscos, possui atribuições para garantir que sejam tomadas ações eficazes no controle de possíveis impactos negativos.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações está acompanhando o assunto e possui pessoal técnico destacado para monitorar e, se necessário, obter novos estudos e análises sobre o tema”. Jornal da Chapada com informações do site Augusto Urgente.