Brigadistas do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) e voluntários atuaram em combates a incêndios florestais em Rondônia e na Chapada dos Guimarães, entre os meses de agosto a setembro, período em que grandes focos acometeram a região norte do país ganhando ampla repercussão na mídia nacional e internacional. O governo federal deflagrou uma operação de combate com a integração das Forças Armadas, ICMBio, IBAMA, Corpo de Bombeiros e polícia ambiental, recrutando brigadas de todo país para atuar na região.
O PNCD enviou uma equipe de sete brigadistas contratados, dois voluntários e o gerente do fogo, Luiz Coslope, que se deslocaram primeiro para o Mato Grosso e depois para o Parque Nacional Campos Amazônicos, em Rondônia – estado que registrou um aumento de 370% nos incêndios florestais comparados ao mesmo período do ano passado. Apesar de não haver o mesmo destaque nos jornais, a situação no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, também era crítica. Segundo o gerente do fogo, “em apenas cinco horas, uma linha fogo de 10 km chegava a se formar, algo atípico”.
Mesmo assim, os brigadistas conseguiram debelar o fogo, que consumiu cinco mil hectares da unidade de conservação. A equipe também combateu outro grande foco na borda do parque, que chegou a atingir casas e 30 mil hectares de floresta. “Mas conseguimos evitar que entrasse no parque”, conta Coslope. Já em Rondônia, em apenas uma noite, foram debelados 12 km de linha de fogo pela equipe da Chapada Diamantina que só deixou o local com o fogo extinto. “Este era nosso objetivo, finalizar o trabalho quando tudo realmente estivesse apagado”, conta Lucas Almeida, brigadista do ICMBio.
“A experiência da equipe da Chapada Diamantina contribuiu para o resultado, já que estão acostumados a combater em locais de difícil acesso, que exigem horas de caminhadas e pernoites no campo”, destaca Coslope. Para Lucas, uma das recompensas pela viagem de milhares de quilômetros via terrestre foi salvar diversos animais e plantas, “vimos muitos pássaros, antas e lobos conseguirem fugir enquanto contínhamos o avanço das chamas”.
Intercâmbio e aperfeiçoamento
Atuar em outros estados do país, com vegetação e clima diferentes, fez os brigadistas da Chapada Diamantina enfrentarem chamas mais intensas e temperaturas mais elevadas do que de costume, “em torno de 40 graus pela manhã”, conta o brigadista Paulo Roberto Júnior. As condições mais severas contribuíram para o aperfeiçoamento de técnicas de combate. Um dos principais motivos que levou o brigadista José dos Anjos a passar, voluntariamente, mais de um mês fora de casa.
“Eu fui, principalmente, para ganhar experiência”, conta José. “Na Chapada dos Guimarães, por exemplo, é preciso ter ainda mais cautela, pois a chance de reignição é muito alta, colocando o brigadista em risco”. Para Lucas, “o contato com outras brigadas do país permitiu conhecer diferentes formas de trabalhar”. “A maioria delas atuam com técnicas de combate indireto, como a confecção de aceiros e a utilização do contra-fogo, enquanto nós atuamos mais no combate direto, com a utilização de abafadores, bombas costais e sopradores”.
A brigada do PNCD já foi recrutada anteriormente para atuar em outras unidades de conservação, como o Parque Nacional Boqueirão da Onça, Refúgio da Vida Silvestre do Oeste Baiano, na Bahia, e na Reserva Biológica da Mata Escura, em Minas Gerais. As informações são do ICMBio/PNCD.