O professor da Universidade de São Paulo e advogado, Vitor Souza Lima Blotta, considera que a denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept, só se justificaria se o Ministério Público Federal (MPF) encontrasse provas de que o jornalista teria praticado ele mesmo as invasões. “Nem o FBI ousou acusar o Glenn pelas denúncias do Snowden, mas no Brasil o sigilo de fonte não é levado a sério pelas autoridades”, afirmou o professor em entrevista ao jornal O Globo. Vitor também é coordenador do grupo Jornalismo, Direito e Liberdade.
Assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, a denúncia do MPF inclui o jornalista na lista dos acusados de suposta “invasão de celulares de autoridades”. Um dos denunciados é o jornalista Glenn Greenwald, que não foi sequer investigado pela Polícia Federal. Outros especialistas ouvidos pelo jornal afirmam que a denúncia não se sustenta e configura um ataque ao sigilo de fonte.
Para o ex-presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Walter Vieira Ceneviva, diferentemente do que defende o procurador na denúncia, o diálogo não sustenta a tese de que Glenn sabia que uma conduta criminosa ainda estava em curso.
“Não ficou claro. O sigilo de fonte não existe a favor do jornalista, mas da sociedade. O trabalho do jornalista é protegido contra o Ministério Público e contra o juiz. O sigilo de fonte é um escudo da sociedade civil. Por exemplo, se o jornalista tiver que investigar o tráfico de cocaína, talvez tenha que conversar bastante com o traficante, tenha que criar confiança dele. Essa atividade é prevista pela Constituição e o jornalista precisa desse sigilo para fazer seu trabalho”, enfatizou. As informações são do Globo e do Brasil 247.