Por Leonardo Chucrute*
Casos de bullying são cada vez mais frequentes nas escolas brasileiras. Pesquisas mostram que o Brasil, por exemplo, tem superado a média internacional de ofensas e agressões. Um estudo divulgado pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, aponta que um terço dos estudantes entrevistados sofre bullying nas escolas.
Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra ainda que 29% dos estudantes brasileiros relataram terem sofrido bullying. A média da OCDE é de 23%.
Essas pesquisas revelam a importância de entender e combater o bullying em sala de aula. Muitos são os sinais. No entanto, na maioria das vezes, os adolescentes e as crianças reagem com desinteresse pela escola, arrumando desculpas para não ir sozinha, comentando que não gosta do professor ou não entende a matéria. Na verdade, isso são desculpas para evitar o contato com os colegas que praticam o bullying.
Em outros casos, eles optam por se isolar dos amigos, ficam mais apáticos e choram com facilidade. Já em casos que resultam em agressões físicas, a criança pode aparecer com hematomas e machucados. Apesar de parecer mais grave, tanto a saúde física quanto a emocional precisam ser tratadas com o mesmo carinho e atenção pelos responsáveis em casa e na escola. Eu mesmo sofri bullying na infância devido às espinhas. Tive apelidos como cara de queijo, cara de lua e quase fiquei com autoestima baixa, pois tinha vergonha de procurar ajuda.
A atitude do professor ao perceber casos de bullying deve ser de intervir, mas deve fazer isso com sabedoria, para evitar traumas e frustrações no futuro. A escola precisa estimular discussões para prevenir e orientar sobre o tema. Trazer casos reais para serem analisados com os alunos. Acolher os estudantes de maneira que eles se sintam seguros e fortalecidos e vejam, na escola, um ambiente propício para serem eles mesmos: sem preconceito, sem diferenciação, sem estigmas.
Em pleno 2020, uma escola, que não faz um trabalho psicossocial nem atende crianças e adolescentes que sofrem por terem personalidades distintas, revela-se completamente dessincronizada com a sociedade, precisando rever seus conceitos. Hoje, é fundamental que a escola fomente conversas, debates, palestras inclusivas em seu ambiente, sem se esquecer de apontar as qualidades dos alunos e valorizá-las
Já os pais precisam conscientizar a criança que pratica bullying. É preciso mostrar que essa atitude é completamente inaceitável e que pode causar danos irreparáveis ao colega. A conscientização passa por várias ações: conversas, repreensões com sabedoria em casa, realização de brincadeiras, onde a criança, ao brincar, costuma expressar seus sentimentos, suas angústias e suas dúvidas. Percebendo que seu filho está agindo de maneira agressiva, tente conversar e acalmá-lo. Não deixe de procurar a ajuda de um psicólogo para orientá-lo melhor.
A empatia tem importância fundamental para diminuir casos de bullying. É uma das palavras mais importantes para o nosso contexto atual. A empatia, segundo os estudiosos, é a tentativa de compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. Em resumo, é se colocar no lugar do outro. A partir do momento que o jovem entende que um determinado tipo de brincadeira lhe faria mal, deixaria constrangido, ele pensa duas vezes e evita a situação. Isso, sem sombra de dúvidas, reduz os casos de bullying.
*Leonardo Chucrute é diretor-geral do Colégio e Curso Progressão, Professor de matemática e física, palestrante, autor de livros didáticos e tem canal no Youtube.