Após a revelação do vídeo da reunião ministerial do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, diversas afirmações polêmicas feitas pelo ex-capitão vieram à tona e chamaram a atenção. A gravação foi revelada na tarde desta sexta-feira (22) após decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. Entre outras questões, Bolsonaro fala sobre a troca de ministros caso “mexam” com a família dele – ponto central do inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República -, AI-5, intervenção militar, impeachment e bandeiras defendidas por ele.
Governadores também são alvo do presidente. Um dos trechos mais fortes da fala é quando o presidente, revoltado cita o artigo 142 da Constituição Federal logo após dizer que não existe mais AI-5. O artigo é alardeado por bolsonaristas como garantidor de uma suposta intervenção militar constitucional. “Agora, nós queremos cumprir o artigo 142? Todo mundo quer cumprir o artigo 142. Havendo necessidade qualquer um dos poderes pode pedir as Forças Armadas que intervem pra restabelecer a ordem, sem problema nenhum”, declarou o presidente.
A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), inclusive, defendeu uma intervenção baseada nesse artigo no plenário do Congresso Nacional na quinta-feira. Assista aqui. A palavra intervenção e o verbo intervir, no entanto, não estão presentes no artigo, como pode ser lido aqui. O clamor pelo golpe por parte da parlamentar atende às manifestações de pequenos grupos bolsonaristas que tem acampado na Praça dos Três Poderes nas últimas semanas com cartazes e gritos contra o STF e o Congresso Nacional.
Confira algumas declarações ditas pelo presidente:
Troca de ministro
“Putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com minha família já tentei trocar segurança nossa no rio de janeiro e não consegui. Isso acabou! Não vou fuder um amigo meu porque não posso trocar a segurança. Se não puder, troca o ministro. E ponto final”.
AI-5
“Cabo o AI-5, AI-5 não existe. É uma besteira. Artigo 142 é um pessoal que não sabe interpretar a Constituição. Agora em cima disso fazer uma onda? Quando a Câmara faz homenagem a Che Guevara, Mao Tsé Tung, não tem nada demais. Quando o Partido Comunista do Brasil faz suas convenções e idolatram Fidel Castro não tem problema nenhum. Então quando um coitado levanta uma placa pedindo Ai-5 eu tô me lixando pra aquilo”.
Artigo 142 (Intervenção militar)
“Agora, nós queremos cumprir o artigo 142? Todo mundo quer cumprir o artigo 142. Havendo necessidade qualquer um dos poderes pode pedir as Forças Armadas que intervem pra restabelecer a ordem, sem problema nenhum. Havendo necessidade qualquer um dos poderes pode pedir às Forças Armadas que intervenham pra restabelecer a ordem, sem problema nenhum”.
Armar população
“O que eles querem impor uma ditadura. Olha, como é fácil impor uma ditadura aqui. Por isso que eu quero que o povo se arme. É facinho colocar uma ditadura aqui. Vem um filha da puta de um prefeito e deixa todo mundo dentro de casa. Se eu fosse ditador, eu ia querer desarmar”.
Luta pelo poder e impeachment
“Não é apenas cuidar do seu ministério. A luta pelo poder continua a todo vapor e sem neurose da minha parte. Tem campo fértil pra aparecer porcaria aí. Não é ‘tá bom, o ministério fatura’, ‘deu merda, cai no colo do presidente’. Por exemplo, quando se fala em possível impeachment, ação no Supremo, baseados em filigramas. Eu vou em qualquer lugar do território nacional. Eu não vou meter o rabo nos meios das pernas. Impeachment com frescura? Com babaquice? Não. Eu sou o chefe Supremo das Forças Armadas. Falei algo e nada demais”.
Aceitar bandeiras
“Quem não aceitar as minhas bandeiras, Damares, família, Deus, armamento, liberdade de expressão, livre mercado, está no governo errado. Perde o ministério quem for elogiado pelo Globo, pela Folha… Pelo Antagonista… Tem ministro que é sempre elogiado nesses blogs”. A redação foi extraída na íntegra pelo site da Revista Fórum.