A professora da rede estadual de ensino, Maria Isabel Gonçalves, do município de Boninal, na Chapada Diamantina, está entre os dez educadores de todo o país vencedores da 23ª edição do Prêmio Educador Nota 10. Considerado o mais importante prêmio da Educação Básica brasileira, a iniciativa reconhece e valoriza professores da Educação Infantil ao Ensino Médio, além de coordenadores pedagógicos e gestores escolares de escolas públicas e privadas de todo o país. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (20), durante o programa ‘Encontro com Fátima Bernardes’, na Rede Globo.
A data da cerimônia de premiação ainda será divulgada pelo site do prêmio. A professora de Filosofia, Maria Isabel Gonçalves, que leciona no Colégio Estadual Rui Barbosa, é a única representante da Bahia na premiação e foi indicada com o projeto ‘As filosofias de minha avó: poetizando memórias para afirmar direitos’.
“O legado de minha bisavó Iaiá Lia, rezadeira da Umburana, que acolhia toda as comunidades quilombolas do entorno em Santo Reis, foi o que me fez adentrar na procura por uma filosofia decolonial, as filosofias de minha avó, propondo caminhos para redescobrir também as filosofias das avós de meus jovens alunos, as iaiás e seus saberes cheios de encantamentos. Este reconhecimento é para elas, pois as suas memórias são um legado para refazer o caminho de volta ao Ubuntu. Ao me inscrever no projeto, sonhei alto em poder divulgar ao Brasil este chamado às memórias e todas as suas possibilidades para a aprendizagem”, declarou a educadora Maria Isabel.
A professora não escondeu a satisfação pelo reconhecimento do seu trabalho através do prêmio. “Ser um dos dez professores finalistas do Brasil é poder dar esse reconhecimento para o grande legado que está em cada comunidade rural, em cada comunidade negra do Sertão da Chapada. Ver o projeto selecionado me faz acreditar com mais força neste sonho de transformar a educação partindo do que está bem aqui, pertinho de nós”, comemorou. Maria Isabel falou sobre a simbologia deste resgate das memórias das avós.
“Este projeto foi a possibilidade de demarcar o nosso próprio espaço como rico em filosofias. Os saberes ancestrais são a filosofia viva para que os estudantes tivessem sempre esse ponto de partida. As memórias nos abrem para o universal, as questões fundamentais, a cultura, o patrimônio, o território, bem como para as questões sociais, ambientais e políticas. São um convite para as descobertas e afirmação de nossa identidade enquanto Sertão Chapada. Tudo está ali naquela conversa com as nossas avós”, destacou.
Além da Bahia, têm vencedores representantes dos estados de Amazonas, Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. O Prêmio Educador Nota 10 foi criado em 1998, pela Fundação Victor Civita que, desde 2014, realiza a premiação em parceria com Abril, Globo e Fundação Roberto Marinho. O prêmio é dividido em três fases. Na primeira, foram escolhidos 50 finalistas. Dentre eles, foram selecionados os dez vencedores de 2020.
Já o Educador do Ano será divulgado durante a premiação ainda a ser definida. Cada um dos premiados ganha um vale-presente no valor de R$15 mil. O Educador do Ano, escolhido pela Academia de Jurados, recebe outro vale-presente, também no valor de R$15 mil. As escolas dos vencedores também recebem uma verba para a celebração. Jornal da Chapada com informações de assessoria.
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