A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece oficialmente e incluiu a espiritualidade em seu conceito multidimensional de saúde desde 1998. Desde então, a chamada medicina integrativa passou a ser adotada por importantes centros médicos em todo mundo. A prática considera corpo, mente e espírito na abordagem do paciente, com um olhar específico para o bem-estar, qualidade de vida e para que ele esteja mais seguro e confiante para o enfrentamento de doenças que requerem cuidados prolongados, entre elas o câncer.
Essa visão é reforçada por estudos internacionais de grande relevância nos meios científicos. Um dos mais recentes sobre o tema, divulgado em junho deste ano pelo JAMA Network Open, revelou que a dimensão espiritual pode, de fato, ajudar pacientes oncológicos a lidar com o diagnóstico e tratamento, proporcionando bem-estar psíquico e físico e, assim, reduzindo índices de depressão, ansiedade e fadiga. O levantamento avaliou um grupo de 126 adolescentes e jovens adultos com câncer, na faixa etária dos 15 a 24 anos, e mostrou que a espiritualidade estava intimamente ligada ao maior senso de conforto e paz no enfrentamento do tumor.
“Na prática clínica, de fato, notamos a ligação entre a espiritualidade e a saúde mental relatada entre os pacientes com câncer. A ciência aponta que a fé, independente de práticas religiosas, pode ajudar os pacientes oncológicos a encontrar força e determinação em toda a sua jornada de tratamento”, diz o oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas. “Aprendemos todos os dias, e muito com nossos pacientes, que o contrário do medo é a fé”.
Em tempos de pandemia, essa integração com aspectos relativos à espiritualidade vem sendo considerada ainda mais essencial no suporte aos pacientes oncológicos e seus familiares. A exemplo disso, o NOB – Oncoclínicas passou a promover semanalmente, desde março, cultos ecumênicos on-line para levar palavras de esperança, fé e otimismo às pessoas. A cada semana, o projeto reúne representantes de diversas crenças para uma celebração conjunta com boas palavras, reflexões e um repertório musical acolhedor.
No próximo dia 21 de agosto, a vigésima terceira edição do culto vai fazer uma homenagem especial ao grupo OPA (Oração pela Arte) e ao filósofo e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Antônio Saja, que faleceu no ano passado e foi um dos grandes incentivadores deste movimento que promove a oração através da arte em mais de dez cidades, dentre elas Salvador.
“Quando focamos no paciente como um todo e não unicamente na doença, estamos dando o suporte necessário para que ele se fortaleça internamente e isso faz toda a diferença para a adesão e o sucesso do tratamento”, explica a oncologista Clarissa Mathias, do NOB – Oncoclínicas. A médica, que é presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e coordenadora do Comitê Internacional da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), reforça que a ideia é promover um espaço virtual de acolhimento. Até porque, neste período, os encontros presenciais não têm sido possíveis. “É um bálsamo para que todos possam entrar no fim de semana mais tranquilos”, afirma.
De fato, os benefícios do olhar global para a saúde física e mental, assim como seus impactos positivos no enfrentamento de problemas de saúde, tem um papel preponderante no bem-estar biopsicossocial. Independente da prática religiosa, doutrina ou crença, o importante é que esses valores e que a fé individual de cada um sejam entendidos como parte da promoção ao bem-estar.
“A espiritualidade está relacionada à busca de um significado e propósito na vida. Na nossa rotina diária com pacientes oncológicos, acolhemos sempre discursos que envolvem a crença em uma força maior como algo que possibilita o indivíduo ter mais uma estratégia pessoal para lidar com o problema”, diz Juliana Beltrão, psicóloga da equipe do NOB – Oncoclínicas.
“Nesse sentido, a psicóloga reflete os valores pessoais, história de vida, seio familiar e todos esses elementos importantes que se vinculam à subjetividade. Portanto, crença, fé, espiritualidade falam de algo no qual o indivíduo acredita e atribui sentido à vida”, frisa.
Corpo, mente e espírito
Ao todo, o NOB-Oncoclínicas já realizou mais de 20 cultos on-line, sempre com participação de representantes de diferentes religiões. A cerimônia semanal contou com participações do Padre Fabio de Melo, de Mãe Carmen de Oxaguian, Iyalorixá do Terreiro do Gantois; da pastora Jussimar Colares, da Igreja Batista Caminho das Árvores e de Patrícia Lins, do Grêmio Espírita Perseverança e Caridade (GEPEC). O monge budista Segyu Choepel Rinpoche, o Rabino Mariano Del Prado e Frei Betto, escritor e frade dominicano, um dos pais da Teologia da Libertação, também enviaram mensagens e orações por meio de vídeos ou textos.
“Buscamos promover um atendimento integral e humanizado, por isso a iniciativa de realizar também os cultos semanais nesse período tão dificil”, esclarece Clarissa Mathias. “Somos corpo, mente e espírito e para nos mantermos em equilíbrio precisamos cuidar dessa trindade, a saúde física, as emoções e a espiritualidade”, conclui.
Além da iniciativa do NOB-Oncoclínicas por meio das transmissões on-line voltadas à espiritualidade, desde o início da pandemia no país, o Grupo Oncoclínicas tem realizado lives com médicos de diferentes partes do Brasil. Durante as transmissões ao vivo, os especialistas também respondem as principais questões enviadas por pessoas em tratamento contra o câncer, seus familiares e pelo público em geral sobre os riscos relacionados à covid-19.
A programação pode ser conferida nas redes sociais do Grupo Oncoclínicas e no site. Para participar dos cultos ecumênicos, que acontecem todas as sextas-feiras (exceto feriados), às 8 da manhã, basta acessar o link. As informações são de assessoria.