Convidado para a abertura do congresso nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em um hotel de Brasília na noite da última terça-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falava sobre o impacto da pandemia da covid-19 sobre o setor e revelou que teve primeiro emprego, sem carteira assinada, aos dez anos de idade, em um bar. Em seguida, classificou como “bons tempos” a época em que “menor” podia trabalhar.
“E vou dizer uma coisa para os senhores: meu primeiro emprego, sem carteira assinada, obviamente, eu tinha 10 anos de idade. Foi no bar do seu Ricardo, em Sete Barras, no Vale do Ribeira [SP]. Eu estudava de manhã e à tarde, lá para as 2 da tarde, ia até umas 6, 7 da noite, ele tinha pouca gente no bar, a galera que gosta de uma birita chega um pouquinho mais tarde, né?, e eu trabalhava ali com ele porque meu pai me botou lá”, relatou o presidente à plateia.
“E bons tempos, né?, onde menor podia trabalhar. Hoje, ele pode fazer tudo, menos trabalhar, inclusive cheirar um paralelepípedo de crack, sem problema nenhum”, comentou Bolsonaro na sequência. Não é a primeira vez que Bolsonaro defende o trabalho infantil. Em julho do ano passado, em transmissão pela internet, afirmou não ter sido “prejudicado em nada” por ter colhido milho aos “nove, dez anos de idade” em uma fazenda em São Paulo.
Sancionado em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe “qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz”. Durante a campanha eleitoral de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro declarou que “o ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina” por ser “um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”. As informações foram extraídas do jornal O Globo.