O Partido dos Trabalhadores, que sofreu um revez eleitoral em 2016 ao perder inúmeras prefeituras e cadeiras em câmaras municipais, pretende vir com força nas eleições deste ano e reafirmar o nome da legenda. Segundo a presidenta da sigla, deputada federal Gleisi Hoffmann, serão mais de 1600 candidatos petistas às prefeituras, quase o dobro das últimas eleições municipais.
“Nas eleições de 2016, tivemos 990 candidatos. Nas eleições de 2012, foram 1.800 candidatos. Neste ano, são mais de 1.600 candidatos”, afirmou Gleisi em entrevista ao programa Poder 360, veiculado no SBT na noite deste domingo (13). “O número de candidatos do PT agora é bem superior ao das eleições municipais de 2016. E temos um grande número também de candidatos a vereador. São mais de 21 mil candidatos e candidatas em todo o Brasil. O PT está mais animado. É um outro momento”, completou a dirigente.
Para a deputada, o momento político é outro e isso pode favorecer o partido, visto que em 2016 o revez eleitoral foi motivado pelo clima político desencadeado pelo impeachment da ex-presidenta Dilma, chancelado apenas um mês antes do pleito nos municípios. Na ocasião, o partido perdeu, por exemplo a prefeitura da capital paulista, que era comandada por Fernando Haddad.
Alvo de críticas vindas de parte da militância petista e também de uma parcela do campo progressista, o partido confirmou no último sábado (12) a candidatura de Jilmar Tatto à prefeitura da capital paulista, frustrando os planos de parte da esquerda para que houvesse uma união com a candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL, que figura em segundo lugar na última pesquisa de de intenções de voto.
“Mesmo perdendo, com toda aquela conjuntura, a gente saiu com um fortalecimento político. Elegemos quatro governadores e a maior bancada de deputados federais e o Fernando Haddad saiu com uma votação expressiva, com mais de 47 milhões de votos”, declarou Gleisi ao explicar a “mudança de cenário” de 2016 para cá.
A petista avalia ainda que a má condução de Jair Bolsonaro nas políticas de enfrentamento à pandemia do coronavírus deve fortalecer a oposição nos pleitos municipais, mesmo que o pagamento do auxílio emergencial tenha mantido uma certa popularidade do presidente em algumas regiões e camadas sociais.
“Bolsonaro está fazendo uma investida, inclusive com a ajuda dos partidos do Centrão que atuam lá. Tem tido mais presença. Mas, de novo, quero repetir aqui: não é fácil o Bolsonaro ocupar esse espaço apenas com a renda emergencial”, pontuou.
2022
Na mesma entrevista, Gleisi Hoffmann disse ainda que é possível que o PT estabeleça uma aliança com outro partido para disputar a presidência em 2022 e que, inclusive, abra mão da cabeça de chapa. Ela ponderou, contudo, que para que isso aconteça é preciso que o outro nome tenha votos.
“Para assumir uma cabeça de chapa tem que ter voto, né? Quem é que tem hoje votação expressiva no Brasil? Às vezes as pessoas dizem assim: ‘Fulano seria melhor para o segundo turno’. Só que para chegar no segundo turno precisa passar pelo primeiro. E voto, capital eleitoral, é algo que se acumula da sua vivência, da sua disputa política, do seu posicionamento… É uma construção. Política não é um ato de abrir mão, é um ato de composição”, explicou, citando o governador Flávio Dino (PCdoB) como uma possibilidade de nome a compor uma chapa com o PT.
De acordo com a presidenta da sigla, há vontade, por parte dela e do partido, de que o ex-presidente Lula seja o candidato ao Planalto em 2022, mas que o foco agora é provar sua inocência e anular seus processos na Justiça e não, necessariamente, reabilitar seus direitos políticos – o que seira uma consequência natural com a anulação das ações. Extraído do site da Revista Fórum.