O ex-presidente Lula voltou a usar as redes sociais nesta terça-feira (22) para apresentar um discurso alternativo ao do presidente Jair Bolsonaro, assim como fez no Dia da Independência. No dia em que o ex-capitão usou a Assembleia Geral da ONU para atacar ambientalistas, povos originários, imprensa e mentir sobre dados do auxílio emergencial, o ex-líder sindical adotou uma postura de chefe de Estado.
“As únicas palavras sensatas do discurso de Jair Bolsonaro hoje na ONU foram as primeiras: o mundo precisa mesmo conhecer a verdade. Mas na boca de uma pessoa que não tem compromisso com a verdade até esta frase soa falsa. O que se esperava ouvir hoje de um presidente são coisas simples, que estão indicadas no Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, apresentado ontem pelo Partido dos Trabalhadores”, diz o ex-presidente antes de apresentar seu “contra-discurso”.
Na mensagem, Lula se dirige aos chefes de Estado e de Governo e à população brasileira. Desmonta teses apresentadas por Bolsonaro, detona a gestão do ex-capitão diante da pandemia, critica a política ambiental do ex-capitão, defende os povos indígenas, a ciência e prega a superação das desigualdades.
“Senhoras e senhores desta Assembleia, o Brasil se envergonha de ter tido, ao longo desta gravíssima pandemia, um governo que ignorou a ciência e desprezou a vida, o que resultou em mais de 136 mil mortes e milhões de contaminados pela covid”, diz Lula no início do discurso. O ex-presidente decreta o “Desmatamento Zero da Amazônia” e pede prioridade aos povos originários.
“Três anos de proibição total de queimadas e derrubadas, para que a natureza tenha tempo de se recuperar da destruição. Convocamos as Forças Armadas para combater o incêndio do Pantanal, a começar pelos 4 mil hoje deslocados para fazer provocação militar irresponsável em nossa fronteira com a Venezuela. Os povos indígenas são irmãos da natureza e guardiões do meio ambiente. Terão prioridade nas ações emergenciais de saúde. Seu território e suas culturas voltarão a ser respeitados, com a retomada das demarcações de reservas e terras indígenas”, afirma.
Lula ainda promete que “a partir de hoje, tudo que o estado fizer será no sentido de reverter séculos de desigualdade, o racismo estrutural que nos legou a escravidão, o patriarcado que discrimina as mulheres, superar o preconceito, a fome, a pobreza, o desemprego” e afirma quer o país “exercerá plenamente sua soberania, não para oprimir quem quer que seja, mas para promover a integração da América Latina, a cooperação com a África, relações econômicas equilibradas e democráticas entre os países, defender o meio ambiente e a paz mundial”.
“O Brasil quer para si o que deseja para todos os povos do planeta: soberania, autodeterminação, acesso compartilhado ao conhecimento, às vacinas e medicamentos imprescindíveis, regras justas de comércio, ação internacional efetiva para o desenvolvimento e o combate à pobreza no mundo. O Brasil quer para todos democracia, paz e justiça”, finaliza o ex-presidente, com gesto de estadista. A redação é do site da Revista Fórum.
Confira aqui o discurso do ex-presidente, na íntegra