Disparo de arma de fogo para o alto assustou moradores e pessoas durante uma discussão política no município de Palmeiras, na Chapada Diamantina, na última quarta-feira (4). De acordo com informações geradas de boletim de ocorrência, o tiro foi disparado por um policial militar lotado em Salvador para advertir grupos com pedras e paus em mãos durante briga generalizada. Ainda segundo os dados da polícia, o capitão PM Fernando é cunhado do atual prefeito Ricardo Guimarães (PSD), casado com a irmã do gestor que busca a reeleição, e a ocorrência aponta que as pessoas se queixaram da ação ter acontecido devido a esse parentesco e do envolvimento do agente público com a política local.
“O capitão Fernando lotado em Salvador efetuou um disparo de advertência para alto. Isso no sentido de dissipar aglomeração de correligionários adversários políticos. Alguns estavam de posse de paus de pedras e que uma briga generalizada ocorreu no instante em que veículos ocupados por integrantes políticos adversário se depararam. Foi quando passaram a discutir de forma a interromper o trânsito. Embora o oficial estivesse na cidade a passeio seu parentesco com o prefeito foi atrelado ao violento contexto político que a campanha eleitoral de rua de Palmeiras atravessa”, salienta o boletim de ocorrência registrado.
Diversas ocorrências policiais envolvendo grupos políticos rivais foram registradas na Delegacia de Polícia de Palmeiras. Segundo os dados, a polícia mantém as investigações para apresentar à justiça eleitoral. Moradores que participavam do ato na noite da última quarta gravaram vídeos e enviaram ao Jornal da Chapada. Um deles mostra o momento exato do disparo. As imagens mostram também a confusão antes do tiro. Em nota, o candidato a prefeito Wilson Rocha (PTB) repudiou o ato e disse que a tentativa foi de acabar com o ato político. O incidente repercutiu em nota de repúdio publicado pelo candidato Wilson no mesmo dia, em seu perfil no Facebook.
Rocha está na bronca, pois no dia 1º de novembro barraram uma carreata de seu grupo. A Polícia Militar teria fechado a praça e ninguém passava com os carros. Ele acusa o prefeito Ricardo de abuso de poder. “Nós não aceitaremos e não permaneceremos inertes diante de nenhuma arbitrariedade. Não existe mais espaço para o coronelismo em nossa cidade. Abuso de poder tem tomado conta. A atual administração tem se utilizado dos privilégios que tem por estar no poder para travar uma disputa eleitoral arbitrária, desleal”, reage o candidato Wilson.
Também em nota nas redes sociais, a coligação encabeçada pelo candidato à reeleição pelo PSD, Ricardo Guimarães, reagiu e disse que “não podemos ficar calados enquanto nos acusam de utilização arbitrária do poder”. O grupo salienta que pessoas que atuam na campanha também “têm sofrido ameaças claras e públicas, inclusive o prefeito Ricardo Guimarães, que ainda é uma autoridade na cidade, o candidato a vice, candidatos a vereador e até mesmo familiares dos candidatos. Como prova, temos mais de 10 boletins de ocorrência registrados somente neste período”, salienta.
“Perseguições políticas sempre existiram, principalmente quando há suspeitas de compra de votos. O que tem acontecido em Palmeiras, no entanto, deixou de ser fiscalização. O nosso adversário direto deu legitimidade para determinado grupo instaurar o medo à população em geral. Incitar a violência é crime previsto no código penal Código Penal – Art. 286. É importante esclarecer fatos à população para que os mesmos não sejam distorcidos a mercê daqueles que querem denegrir [sic] a imagem de pessoas de bem sob um discurso de ódio e ojeriza a pessoas simplesmente por discordar do pensamento político”.
A redação do Jornal da Chapada teve acesso ao registro de mensagens, via WhatsApp, que corre em grupos de moradores locais. Nele, consta a justificativa da esposa do capitão e irmã do atual prefeito, Daiane Guimarães. Ela comenta e pergunta “se alguém voava”?, por conta do tiro ter sido para o alto. Em seguida, um outro morador responde “tudo que sobe desce, amiga. Para de defender o que está errado, que está feio! Pede desculpa que é o certo! A população foi exposta”. O boletim de ocorrência foi expedido na última quinta-feira (5) e relata os fatos aqui narrados. A reportagem não conseguiu contatos com as partes envolvidas, mas deixa o espaço para o contraditório. Texto atualizado às 20h10.
Jornal da Chapada
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