Ao menos 70 trabalhadores de limpeza urbana do município de Alagoinhas, no agreste baiano, estão apreensivos e com a incerteza se vão começar o ano com emprego. Isso porque a prefeitura fez malabarismo para poder convencer os profissionais de abrirem mãos de direitos trabalhistas para se manterem no cargo e ainda foram alvo de assédio moral após a empresa Naturalle atrasar salários. Nesta quarta-feira (25), o vereador de Salvador Luiz Carlos Suíca (PT) criticou as medidas da prefeitura e ainda revelou que o SindilimpBa entrou com uma ação no Ministério Público (MP) para tentar impedir que os trabalhadores passassem a receber os vencimentos por uma cooperativa ou de forma direta, sem direitos como o recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e benefícios.
“Essa empresa tem contrato com a prefeitura até março de 2021 com valor reduzido após ter retirado os 70 trabalhadores que não pagaram. Esses profissionais foram absorvidos por uma cooperativa, a Ascoseba, que também recebeu valores da prefeitura e não pagou os funcionários. Isso fez com o que a prefeitura passasse a pagar em mãos os salários não realizando procedimentos padrões, como o recolhimento do FGTS e outros direitos. Depois disso, no período eleitoral, a atual gestão colocou prepostos para dialogarem com os trabalhadores dizendo para eles que votassem em candidatos a prefeito e vereadores, um flagrante assédio moral, condicionando o cargo ao voto do trabalhador. Se votasse com o candidato garantiriam emprego em janeiro, mas agora nem isso falam mais”, explica Suíca.
A coordenadora-geral do SindilimpBA, Ana Angélica Rabello, diz que o sindicato tem atuado para garantir os direitos, mas que muitos dos acordos foram feitos de forma assoberbadas durante o período de eleições em Alagoinhas. “A empresa não paga e a cooperativa também não, inclusive a Ascoseba já tem processo no MP em Inhambupe e Entre Rios. Tem dois meses que contrataram uma equipe de pessoas e colocaram nessa cooperativa que é o mutirão de limpeza, que a prefeitura costuma fazer todo ano. Na época de eleição reuniram os trabalhadores, dizendo que era para votar no prefeito, nos candidatos deles e que colocariam esses trabalhadores a partir de janeiro nas empresas que vai ficar, ou Naturalle ou outra. Agora, acabou o mutirão, e parece que não pagou o salário da equipe do mutirão, e toda semana tem uma previsão, mas até agora nada”.
De acordo com o diretor do Sindilimp Agreste, Cláudio Santos, “a Ascoseba só vai sair no dia 5 de dezembro e, provavelmente, esses trabalhadores que saíram da Naturalle vão ficar desempregados até janeiro. Vamos esperar até janeiro se o prefeito vai cumprir a promessa que ele fez de colocar as pessoas na empresa que vai ficar prestando serviço na prefeitura. Acordaram que os trabalhadores receberiam o valor da Ascoseba e poderiam dar entrada no seguro e receber, falaram que iam receber dois salários. Então, o pessoal aceitou, mas naquela esperança de quando o contrato acabar voltar para Naturalle. Agora está todo mundo com medo ficar desempregado”. As informações são de assessoria.