Fora das capitais, derrotado em 11 das 15 cidades no segundo turno, com menos de 40% dos votos em seis delas, coadjuvante em locais-chave (como São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza), o PT tenta entoar o discurso de que não fracassou na eleição.
Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do partido, afirma que a legenda se recolocou em disputas relevantes e foi à final em mais municípios neste ano do que no pleito passado —foram 7 no segundo turno de 2016. Para ela, ainda há efeito da onda anti-PT, com ataques que agora foram usados até por antigos aliados. Lula, por ora, silenciou.
Gleisi faz duras críticas ao PSB, a quem acusa de ter “adotado métodos da extrema direita” para atacar Marília Arraes. “Marília sai politicamente vitoriosa, embora não eleitoralmente”. Gleisi e José Guimarães (PT-CE) foram os principais defensores da candidatura própria em Recife.
Para Alexandre Padilha (PT-SP), o apoio petista foi determinante em cidades como Porto Alegre, onde Manuela D’Avila (PC do B) se beneficiou do fato de ter sido a vice de Fernando Haddad, em 2018. Ela saiu na frente nas pesquisas, mas acabou derrotada.
“Em capitais onde o PSOL também chegou bem, como em SP e em Belém, é graças a uma história ligada ao petismo”, diz. “O sentimento é de animação, não de euforia”, afirma.
O líder do PT na Câmara, Ênio Verri (PT-PR), admite que o resultado efetivo, de só 4 vitórias, “é pouco” e que ele esperava mais. Em sua avaliação, porém, a esquerda sai vitaminada, com vitórias como em Maceió (PSB), Recife (PSB), Fortaleza (PDT) e Belém (PSOL), mostrando-se capaz de competir com Bolsonaro em 2022, desde que unida.
Petistas viram no ato de Flávio Dino (PC do B-MA), no último domingo (29), o início de uma via de reconciliação, após o racha em Recife. O governador apoiou João Campos (PSB), rival do PT, mas foi votar com a camisa estampada de “Lula Livre”. O ato também foi motivo de crítica. Os dados são da Coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo.