Moradores de Jacobina, na Chapada Norte, andam assustados com os tremores de terras que vêm acontecendo no município. Em menos de dois meses já foram registrados quatro abalos sísmicos, segundo o Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A maior preocupação de quem vive no município, são os riscos que esses abalos podem causar nas estruturas das barragens de minérios localizados na região.
Os dois primeiros abalos foram em 9 de dezembro e registraram 3 e 3,2 pontos de magnitudes. Na última segunda-feira (25), um outro de 2,6 ponto de magnitude também foi identificado. E o quarto foi apontado pelo laboratório na última terça-feira (26) com 1,6 de magnitude (veja aqui). Em entrevista ao jornal Bahia Meio Dia, a diarista Luzineide Silva diz nunca ter imaginado o fenômeno na região. “Está todo mundo assustado e nem consegue dormir direito”, aponta a diarista.
Já o professor e morador Robson de Jesus, ressalta ser “episódios rápidos, mas que dá para perceber e ouvir um pequeno estremecer da terra”. No bairro Jacobina III, moradores tiveram suas casas rachadas por conta do evento sísmico. O que parece ser raro, no entanto não é. Jacobina tem registros antigos de movimentação de terra. O promotor da Justiça, Pablo Antônio Cordeiro informa que “no ano de 1990 havia o registro de abalo sísmico no município e por tanto Jacobina não poderia ser qualificada como uma zona assísmica”.
Em um despacho do dia 10 de dezembro de 2020, o promotor havia encontrado erros em um estudo da JMC Yamana Gold, empresa responsável pelas barragens de rejeitos de minérios, que afirma que as barragens se encontram em áreas assísmicas, ao contrário do que diz os estudos da Rede Sismográfica Brasileira. O Ministério Público (MP) solicitou ao Laboratório de Sismologia da UFRN informações sobre a profundidade dos epicentros desses abalos para descartar uma causa que não seja natural. Além disso, o MP pediu para a empresa refazer análises e montar uma estrutura própria de detecção de tremores.
Em nota, a mineradora manifestou sua preocupação. A direção afirma ter aberto processo de contratação de empresa consultoria especializada para monitoramento e estudo de abalo sísmico. O intuito é acompanhar os efeitos dos tremores de terra nas barragens de rejeitos localizadas em Jacobina. A mineradora garante que “opera dentro de todas as normas legais vigentes no país” e que suas barragens de rejeitos, a B1 e B2, estão seguras. “Estão sujeitas a um robusto, moderno e sofisticado sistema de gestão de estruturas de armazenamento”, completa (veja aqui).
Jornal da Chapada